O desejo de listar a JBS nos Estados Unidos não era novo. Há mais de uma década os irmão Batista tentavam emplacar a companhia na bolsa americana. O que era uma vontade, entretanto, acabou de se concretizar. A JBS recebeu aprovação dos acionistas para listar suas ações na Nyse.
Mas o que pensa Wesley Batista? O NeoFeed teve acesso a uma carta (leia a íntegra abaixo) que Wesley enviou aos funcionários do grupo assim que a companhia obteve a aprovação na assembleia de acionistas. E ela revela muito do modelo de negócios construído pela JBS e para onde a companhia pretende ir.
“Com fábricas em 17 países e consumidores em mais de 180, a JBS construiu uma plataforma de negócio que nos permite mitigar os efeitos dos ciclos inerentes ao nosso setor e nos adaptar a diferentes cenários. Desenvolvemos um modelo de negócio que funciona, seja onde for”, diz Wesley.
Ele prossegue deixando claro como a empresa opera e o que deve se tornar ainda mais forte. “Essa plataforma nos permite operar commodities e construir marcas fortes com a mesma eficiência, o que nos dá uma visão privilegiada de toda a cadeia de produção, do campo à mesa dos consumidores”, afirma.
Além disso, repete o que os investidores passaram a escutar nos últimos meses, reforçando que a listagem nos EUA vai dar mais corpo para a estrutura de capital da JBS e atrair uma base de novos investidores. “Tendo acesso a um leque maior de investidores, estou certo de que vamos viver um novo ciclo de oportunidades”, afirma.
Leia, a seguir, a carta na íntegra:
Como acionista e integrante do Conselho de Administração da companhia escrevo esta mensagem para parabenizar a toda administração da JBS pela elaboração e condução da proposta da dupla listagem. E para dizer que compartilho com vocês o senso de responsabilidade deste momento. Compartilho também o compromisso com nossos investidores, fornecedores, clientes e consumidores ao redor do mundo e agradeço a todos eles pelos votos diários de confiança que depositam em nós.
Há setenta anos, quando a JBS foi criada, o mundo contava com 2,5 bilhões de habitantes, ensaiava sua recuperação após a devastação da Segunda Guerra Mundial e vivia sob a sombra de uma profunda incerteza sobre como alimentar bilhões de pessoas em nações fragilizadas. Hoje, 72 anos depois, estamos infinitamente mais preparados para enfrentar a fome que ainda persiste, com conhecimento, tecnologia e ampla capacidade produtiva.
A empresa que nasceu de uma casa de carnes no interior do Brasil em 1953 é hoje uma das maiores empresas de alimentos do mundo, presente nos lares de milhões de pessoas todos os dias. O que nos orgulha muito. Porque os mesmos valores que guiaram meu pai, ao abrir a primeira porta daquela modesta casa de carnes, continuam a guiar, com a mesma força, esse time de mais de 280 mil pessoas ao redor do mundo.
A história mostra que fizemos as escolhas certas. Não porque nos tornamos os maiores, mas porque nos tornamos melhores a cada ano. Graças à busca incessante por qualidade e o compromisso com o impacto positivo para cada stakeholder com o qual nos relacionamos.
Estamos agora diante de um novo momento com a aprovação da dupla listagem da Companhia, nos Estados Unidos e no Brasil. Embora seja um novo momento, nosso jeito de trabalhar não muda: vamos manter foco absoluto em nossas atividades e em sermos os melhores naquilo que nos propusemos a fazer.
O setor de alimentos tem demonstrado uma resiliência notável, adaptando-se e inovando para atender às necessidades em constante evolução de uma população mundial crescente. Observamos em diversos mercados o aumento, por exemplo, da demanda por alimentos de fácil preparo ou prontos para o consumo. Praticidade, saudabilidade e sabor, é isso que cada vez mais os consumidores esperam de nós.
Estamos no negócio certo e fazendo a coisa certa.
Com fábricas em 17 países e consumidores em mais de 180, a JBS construiu uma plataforma de negócio que nos permite mitigar os efeitos dos ciclos inerentes ao nosso setor e nos adaptar a diferentes cenários. Desenvolvemos um modelo de negócio que funciona, seja onde for.
Essa plataforma nos permite operar commodities e construir marcas fortes com a mesma eficiência, o que nos dá uma visão privilegiada de toda a cadeia de produção, do campo à mesa dos consumidores.
Tendo acesso a um leque maior de investidores, estou certo de que vamos viver um novo ciclo de oportunidades. Tenho orgulho em ver a JBS, uma empresa que começou pequena com meu pai e se transformou em uma Companhia global, agora listada nos Estados Unidos. Este marco nos permitirá ampliar ainda mais a capacidade de crescimento da empresa a um custo mais acessível, acelerar nossa estratégia de diversificação e agregar ainda mais valor ao nosso negócio, aos nossos fornecedores, consumidores e comunidades onde operamos.
Estou convicto de que o mercado de alimentos é um dos mais promissores para as próximas décadas e que nenhum outro time está tão bem-posicionado e preparado para viver essa oportunidade.
Mais uma vez parabéns a toda administração da Companhia por esse feito que marcará para sempre a história da JBS.
Wesley Mendonça Batista
Acionista e membro do Conselho de Administração da JBS