O fundador do WhatsApp, o americano Brian Acton, tinha um bilhete escrito sobre a sua mesa que era uma espécie de um “plano de negócios” para o aplicativo de mensagens: "Sem anúncios! Sem jogos! Sem truques!".

Mesmo depois de ser comprado pelo Facebook (hoje rebatizado de Meta), por US$ 22 bilhões, em 2014, o WhatsApp se manteve fiel a essa declaração de princípios de Acton. Ao mesmo tempo que ganhava milhões de usuários ao redor do mundo (hoje tem 2 bilhões), a plataforma de mensagens não gerava receita para a Meta.

Mas isso está começando a mudar. O WhatsApp foi a principal responsável pelo aumento de 48% na receita não publicitária da Meta no terceiro trimestre de 2024. Em números absolutos, isso significa que boa parte dos US$ 434 milhões atingidos no período pertencem ao aplicativo.

O montante ainda é pequeno se comparado à receita total de anúncios da companhia no trimestre, que totalizou US$ 39,9 bilhões. Porém, ele indica que o futuro do segmento deve ser próspero, pelo menos na visão dos executivos da Meta.

Segundo eles, o crescimento do WhatsApp foi impulsionado principalmente por seu produto de mensagens comerciais, o WhatsApp Business. Nele, existem outras formas de gerar receitas que não estão disponíveis no formato regular do aplicativo de mensagens, como o pagamento por conversas com clientes.

Pensando também no formato “comum” do WhatsApp, a Meta informou que vem conseguindo gerar alguma receita com anúncios por meio de "click-to-message", aqueles anúncios que levam os usuários a interagir com empresas via mensagem direta no WhatsApp. Esse formato também se repete no Messenger, aplicativo de mensagens do Facebook, e no Instagram.

Na visão Mark Mahaney, analista de tecnologia do banco de investimentos Evercore, o segmento está crescendo mais rápido do que a Meta esperava. "Eles possuem os dois maiores aplicativos de mensagens do mundo e a monetização lá ainda está em estágio inicial", ao Business Insider. "A minha suposição é que isso representa agora 10% da receita total da companhia e provavelmente está crescendo mais rápido do que os seus dois ativos principais de mídia social."

Em outubro, o próprio Zuckerberg afirmou que a empresa observou um aumento de 100% no compartilhamento de conteúdo por meio de mensagens diretas. Porém, é preciso saber aproveitar esse crescimento de utilização do serviço que, na visão do CEO, deve ser feito por meio de inteligência artificial.

Zuckerberg afirmou aos investidores que acredita que a IA da Meta pode se tornar um "negócio massivo", podendo aumentar "a escalabilidade das mensagens comerciais, a introdução de anúncios nas interações dos usuários e permitindo que as pessoas paguem para usar modelos de IA maiores que tem mais capacidade computacional".

Para os próximos anos, a perspectiva é de que as mensagens diretas continuem ganhando espaço nas redes sociais, com o declínio de publicações no feed, o que pode beneficiar ainda mais o segmento.

"Cada vez mais o compartilhamento vai migrar de formatos baseados em feeds para formatos baseados em mensagens", disse Adam Mosseri, chefe do Instagram, em entrevista divulgada em junho.