Nos últimos meses de 2022, a manutenção do cenário macro desafiador foi a chave para que a XP desse início a uma reorganização que envolveu, em particular, a redução do número de funcionários na sua operação.
Entre janeiro e março deste ano, a empresa seguiu enxugando esse quadro e encerrou o período com um total de 6.146 profissionais, o que representou uma queda de 11% sobre o quarto trimestre do ano passado.
Esses e outros números mais recentes foram conhecidos no início da noite de segunda-feira, 15 de maio, quando a companhia divulgou seu balanço referente ao primeiro trimestre de 2023. E, ao que tudo indica, essa reestruturação teve um ponto final com o encerramento do período.
“Esse ajuste de custos já foi feito”, disse Bruno Constantino, CFO da XP. “E ele coloca o nosso negócio preparado para por qualquer tempestade que venha pela frente.”
Nesse contexto, a XP destacou, entre outros pontos, que as despesas administrativas gerais somaram R$ 1,04 bilhão no primeiro trimestre, o que representou um recuo de 24% sobre o intervalo de outubro a dezembro de 2022, e de 17% na comparação com igual período, um ano antes.
O crescimento em frentes mais recentes do negócio, apesar de ainda incipientes dentro do bolo total da operação, foi mais uma questão ressaltada pelo executivo. Entre janeiro e março, as receitas de seguros, cartões, crédito e previdência somaram R$ 364 milhões, contra R$ 229 milhões, há um ano.
“Isso mostra a capacidade que temos de escalar negócios novos rapidamente”, afirmou Constantino. “E também a oportunidade que o cross sell representa na nossa plataforma.”
Se a XP se vê preparada para enfrentar um cenário de previsões macro ainda pouco favoráveis no decorrer do ano, o primeiro trimestre trouxe alguns indicadores que pesaram no resultado do período.
Entre janeiro e março, o lucro líquido da empresa foi de R$ 796 milhões, o que representou uma queda, em base anual de 7%. A receita bruta, por sua vez, avançou 2% nessa mesma base de comparação, para R$ 3,32 bilhões.
A empresa ressaltou, porém, que parte dos números nas duas linhas foi impactado por uma perda não-recorrente, relacionada a títulos de dívida de uma “grande empresa que entrou em processo de recuperação judicial”. Leia-se: Americanas.
No caso do lucro líquido, o impacto foi de R$ 131 milhões. Excluindo esse efeito, a última linha do balanço teria mostrado um avanço de 18%, para R$ 927 milhões. Já no caso da receita bruta, a perda relacionada à varejista foi de R$ 164 milhões. Sem isso, o faturamento teria sido de R$ 3,5 bilhões, alta de 7%.
Na divisão da receita bruta, o principal ponto de atenção, dando sequência ao que já havia sido observado no fim de 2022, foi o segmento institucional, cujo faturamento caiu 39%, para R$ 332 milhões.
Já os segmentos do varejo e de grandes empresas e mercados de capitais cresceram, respectivamente, 11% e 7%, para R$ 2,56 bilhão e R$ 266 milhões. O lucro antes de impostos (EBT), por sua vez, avançou 14%, para R$ 856 milhões, enquanto a margem EBT recuou 1,4 ponto percentual, para 26%.
As ações da XP encerraram o pregão dessa segunda-feira na Nasdaq com alta de 2,41%, cotadas a US$ 15,75. No ano, os papéis da companhia, avaliada em US$ 8,69 bilhões, acumulam uma valorização de 2,6%.