A gigante americana Adobe tentou, em 2023, comprar a empresa americana de software Figma por US$ 20 bilhões, mas desistiu do negócio. Hoje, dois anos depois, no primeiro dia da listagem de suas ações na Bolsa dos Estados Unidos, a Figma vale mais do que o triplo, algo perto de US$ 65 bilhões.

Logo nos primeiros minutos na estreia na Bolsa de Nova York, os papéis da empresa tiveram uma valorização de 250%, em uma das ofertas públicas iniciais mais impactantes nos Estados Unidos nos últimos anos. As ações abriram a US$ 85, mais que o dobro do preço do IPO, estimado em US$ 33.

Em seu primeira dia de negociação, os papeis da Figma fecharam cotados a US$ 115,50, o que representava uma valorização de 250%. O IPO da Figma avaliou a empresa em mais de US$ 19 bilhões em uma base totalmente diluída.

Com isso, a empresa levantou US$ 1,2 bilhão, tornando-se o maior IPO de tecnologia com capital de risco desde 2021, de acordo com a Renaissance Capital. A oferta foi liderada por Morgan Stanley, Goldman Sachs, J.P. Morgan Chase e Allen&Co.

Durante o roadshow que a empresa fez para potenciais investidores, os pedidos já foram muito significativos, o que fez com que a empresa aumentasse a faixa de preço da oferta no início desta semana de US$ 25 a US$ 28 por ação para US$ 30 a US$ 32. Ainda assim, o valor acabou sendo um dólar acima.

A listagem foi considerada um sucesso para as empresas de capital de risco que foram as primeiras investidoras da Figma. A Sequoia Capital, por exemplo, detém uma participação de aproximadamente 8,7% na empresa, após investir cerca de US$ 150 milhões entre 2019 e 2024. A participação da Sequoia foi avaliada em aproximadamente US$ 1,1 bilhão no preço do IPO, antes da alta das ações da Figma.

O mercado de IPOs dos EUA estava inativo desde que o aumento das taxas de juros em 2022 levou os investidores a reavaliar as altas avaliações que estavam dando a startups que vinham ganhando atenção do mercado. Mas a atividade se recuperou à medida que as empresas começaram a aceitar avaliações mais modestas.

Antes da estreia da Figma, os IPOs tradicionais dos Estados Unidos haviam levantado mais de US$ 19 bilhões até agora em 2025, de acordo com a plataforma de mercados financeiros Dealogic. O total arrecadado neste ano pode superar os recursos de IPOs dos últimos três anos.

Uma série de IPOs recentes, como a operadora de data center CoreWeave e a emissora de stablecoin Circle aumentaram suas avaliações pós a listagem, incentivando outras startups. O mercado de IPOs melhorou no segundo trimestre, com 59 ofertas levantando US$ 15 bilhões, acima das 45 ofertas que levantaram US$ 11,2 bilhões nos primeiros três meses do ano, de acordo com a S&P Global.

A Figma desenvolve ferramentas colaborativas para a criação de aplicativos ou sites, usadas por empresas como Airbnb, Uber e Netflix. A empresa californiana foi fundada em 2012 por dois amigos que se conheceram na Universidade Brown.

Ela começou a preparar o terreno para um IPO depois justamente que Adobe recuou, em dezembro de 2023, de um acordo de aquisição que havia anunciado em setembro de 2022. A desistência teve relação com questões regulatórias e potenciais preocupações de problemas de concorrência e gerou uma multa de US$ 1 bilhão à Adobe.

No ano passado, a empresa registrou receita de US$ 749 milhões, um aumento de 48% em relação ao ano anterior. No primeiro trimestre de 2025, a alta acumulada foi de 46%.

Ainda em 2024, a Figma registrou um prejuízo líquido de US$ 732 milhões no ano passado, em grande parte graças à decisão de cobrir os impostos associados aos funcionários que vendem suas ações em uma oferta pública única.

Dylan Field, cofundador e CEO da Figma, manterá o controle da empresa após o IPO, por meio de ações com supervoto. Outras empresas de tecnologia se preparam para listar suas ações na Bolsa de Nova York, como a provedora de pagamentos Klarna e a plataforma de ingressos online StubHub.