Startup que combina creator economy com educação digital, a Fluency Academy está remodelando o seu modelo de negócios para ir além dos cursos de idiomas lecionados por influenciadores digitais e que atraíram mais de 300 mil alunos e o interesse (e um cheque de R$ 275 milhões) do General Atlantic.

Nos últimos meses, a companhia fundada em 2017 por Rhavi Carneiro e Finn Puklowski, que atua como CEO, começou a desenhar a estratégia de expansão da operação. Um curso voltado para profissionais de TI já entrou na grade da plataforma e o próximo passo é atender os interessados em cursos de liderança e de desenvolvimento pessoal.

“A ideia é fazer um M&A para expandir o portfólio nos próximos meses. O foco está em tecnologia e no desenvolvimento pessoal”, diz Carneiro, cofundador da Fluency Academy, ao NeoFeed.

Apesar de ser uma empresa lucrativa desde seus primeiros anos, a Fluency acelera sua entrada em novos mercados graças a um investimento recebido ainda em 2021. Na época, o General Atlantic investiu R$ 275 milhões no negócio. Seguro apurado pela reportagem, o aporte fez o negócio ser avaliado em cerca de R$ 1,4 bilhão.

“Há uma grande quantidade de novos criadores de conteúdo que estão surgindo no Brasil e no mundo e a Fluency oferece uma maneira direta de conectar ponta a ponta”, diz Luiz Ribeiro, managing director e co-head da operação da General Atlantic no País, ao NeoFeed. “É um negócio que também pode internacionalizar bastante.”

Uma parte do capital já foi utilizada no ano passado, quando a companhia fez investimentos em sua plataforma freemium como forma de aumentar o número de usuários – e depois convertê-los para assinantes – e na expansão dos cursos de idiomas. “O dinheiro foi usado para escalar o produto”, afirma Carneiro.

Em seu modelo de negócios, a Fluency conta com cerca de 200 produtores de conteúdo que publicam vídeos com dicas e aulas curtas de idiomas nas redes sociais. São oferecidos cursos de inglês, espanhol, francês, italiano, alemão, japonês, coreano, mandarim, além de português.

É possível usufruir do conteúdo publicado pelos influenciadores da plataforma de forma gratuita nas redes sociais. Contudo, quem quiser se aprofundar no aprendizado, pode optar por ingressar em alguma das turmas de idiomas ofertadas pela startup e abertas de acordo com a demanda.

Lecionados pelos influenciadores, os cursos são oferecidos de forma totalmente digital e contam com aulas particulares e em grupo. A duração varia entre sete e 12 meses e o preço parte de R$ 187 por mês. “O core da nossa metodologia é que os alunos não precisam aprender todo o vocabulário”, diz Carneiro. “Eles precisam não esquecer.”

Os professores contratados são remunerados com um valor fixo pago pelo trabalho de publicação de conteúdo nas redes sociais e pela participação em lives e eventos. Além do "salário", eles também recebem uma comissão pelos cursos vendidos na plataforma. Em alguns casos, a empresa diz que o valor recebido pelos criadores de conteúdo já supera R$ 300 mil por mês.

Uma dessas criadoras de conteúdo é Paula Gabriela (@teacherpaulagabriela), que acumula 1,3 milhão de seguidores no Instagram e outros 720 mil inscritos em sua página no TikTok. Presente na plataforma desde 2020, ela diz que a Fluency fornece, além da estrutura necessária para a produção dos veículos, o impulsionamento pago de parte do conteúdo.

Além dela, a plataforma conta com nomes como o americano Gavin Roy (@smalladvantages), Lilian Bittencourt (@englishyourself), além de Bianca e Giovana, conhecidas como “Gêmeas do Inglês” (@gemeasdoingles). Somados, os influenciadores da Fluency acumulam mais de 44 milhões de seguidores em suas redes sociais.

Em relação à expansão internacional do negócio, como salientada pelo General Atlantic, a Fluency já tem estudantes de mais de 80 países e os maiores mercados da companhia fora do Brasil são Estados Unidos, México e Colômbia.

Para aumentar sua base de alunos, a companhia também oferece aulas de francês e italiano para quem tem o espanhol ou o inglês como língua nativa. A expectativa é de que novos idiomas também sejam lecionados para esse público no futuro.

Empresário e professor

Antes da Fluency se tornar uma plataforma que atrai alguns dos principais criadores de conteúdo voltados para o ensino de idioma, a plataforma se tornou conhecida graças ao próprio Rhavi Carneiro. Em meados de 2016, ele trabalhava com professor de inglês em Curitiba. Para aumentar sua renda, de cerca de R$ 3 mil por mês, ele passou a usar as redes sociais para divulgar seu trabalho.

A estratégia deu certo e com algumas dezenas de milhares seguidores, o professor de inglês percebeu que poderia utilizar plataformas como YouTube e Instagram para conseguir aumentar sua renda. A estratégia era usar as redes sociais para divulgar a venda de cursos online.

“Eu comecei a conquistar milhares de seguidores e comecei a pensar se poderia criar um curso em que cobraria algo em torno de R$ 2,5 mil”, diz Carneiro. “Para fazer isso, o empreendedor pediu empréstimos e investiu cerca de R$ 20 mil em marketing e na produção de conteúdo. “Em dois dias, vendemos R$ 250 mil em cursos.”

A consolidação do modelo veio na turma seguinte. Desta vez, a companhia investiu R$ 250 mil (novamente com um empréstimo). O retorno, porém, foi de R$ 1,5 milhão. “Apostamos em um crescimento agressivo”, diz ele.

Com previsão de receita de R$ 150 milhões neste ano – o dobro do que a empresa conseguiu no ano passado, a Fluency agora disputa mercado não apenas contra outras escolas de inglês, mas também contra os influenciadores que tentam vender cursos por conta própria.