O empreendedor Cristiano Franco é avesso a exposição. Em especial, na mídia. Sem muito alarde, ele, que tem formação em ciência da computação, fundou, em 2015, a Poatek, uma empresa de tecnologia que fazia soluções customizadas e complexas de inteligência artificial para grandes empresas internacionais, como Pepsico, Domino's e AB Inbev.

Em 2021, a Poatek foi vendida para a Insignia Capital, um fundo dos Estados Unidos, numa operação em dinheiro e ações, cujo valor não foi revelado. Na ocasião, a companhia brasileira passou a compor a WillowTree, uma consultoria de tecnologia que fazia parte do portfólio da gestora.

Um ano depois foi a vez de a WillowTree ser vendida por US$ 1,2 bilhão para a Tellus International, uma empresa canadense com capital aberto na Bolsa de Nova York e avaliada em US$ 5,9 bilhões.

Agora, Franco está fazendo a transição de empreendedor para investidor. Ele acaba de ser tornar sócio da ABSeed Ventures, gestora de venture capital focada em investimentos em early stage em companhias de SaaS (software as a service).

“Tenho uma visão mais técnica sobre os negócios. E acredito que posso contribuir sabendo se os empreendedores estão trazendo elementos de inovação aos produtos e não necessariamente no modelo de negócios”, diz Franco, ao NeoFeed.

Franco ajudará a ABSeed Ventures em duas frentes. A primeira delas é na análise das oportunidades, bem como na identificação do teor tecnológico dos produtos nas quais a gestora vai investir. A outra é no apoio as startups do portfólio.

“Sempre tivemos um olhar muito importante para o produto”, diz Geraldo Melzer, sócio da ABSeed. “Tanto que nunca investimentos em empresas que não tenham um CTO dentro de casa.”

Franco será o quinto sócio da ABSeed, que está no seu segundo fundo de venture capital. Além de Melzer, a gestora conta com Felipe Coelho, Franco Zanette e Marcelo Hoffmann

Os sócios da ABSeed (da esquerda para direita): Felipe Coelho, Franco Zanette, Geraldo Melzer e Marcelo Hoffmann

No primeiro fundo, a ABSeed captou R$ 40 milhões e fez 11 investimentos. No segundo, levantou R$ 120 milhões e já realizou cinco aportes. A meta é apostar entre 10 e 15 startups. Os cheques ficam entre R$ 2 milhões e R$ 10 milhões, entrando em rodadas seed, mas com a possibilidade de realizar algumas séries A.

No portfólio da gestora estão empresas como Aegro, dona de um software de gestão agrícola; a Conta Simples, uma conta digital para pequenas empresas; e a Asksuite, plataforma online que quer eliminar os intermediários nas reservas dos hotéis, entre outras empresas.

De acordo com Franco, a correção pela qual passou (e ainda está passando) o mercado de venture capital abre uma série de oportunidades de investimento. “O processo ficou diferente. Agora, é a hora do amadurecimento”, afirma o novo sócio da ABSeed. “Separou as crianças dos homens.”

Melzer concorda. “A forma que estava operando antes, com valuations sem nenhum fundamento, não era uma dinâmica saudável”, diz. “É uma oportunidade interessante de fazer investimentos com preços reais.”