De crise, o fundador do site de reservas online, o holandês Kees Koolen, de 54 anos, entende.

Quando a sua operação online tinha apenas seis anos de vida, ele enfrentou o abalo do 11 de setembro de 2001. Na época, um ataque terrorista derrubou as Torres Gêmeas, em Nova York, e levou o mundo a uma grande recessão, afetando as viagens de aviões.

Quatro anos depois, ele vendeu a operação para a Priceline, por US$ 135 milhões (na época, um dinheiro enorme). Ficou como CEO da companhia até 2011, quando teve que enfrentar uma nova crise.

Dessa vez, foi a vez a crise financeira global, em 2008, a maior desde a grande recessão de 1929. De todas elas, o Booking saiu não só vivo, como mais forte.

Em 2019, a holding, que inclui outros negócios como o Kayak e o RentalCars.com, faturou US$ 15 bilhões e lucrou US$ 4,8 bilhões.

Agora, é a vez da crise do coronavírus, que também vai afetar o coração da indústria de turismo e pode levar o mundo a uma nova recessão.

Por esse motivo, quando Koolen fala, muita gente quer ouvir o que ele tem a dizer. E, num post em seu perfil no LinkedIn, o fundador do Booking refletiu sobre como as startups devem agir no Brasil.

“Fique calmo, mas faça um plano e aja. Não espere até que seja tarde demais. Quanto mais cedo você agir, mais chances terá de ter um bom resultado”, escreve ele, em um de seus conselhos.

“Fique calmo, mas faça um plano e aja. Não espere até que seja tarde demais"

Desde que deixou o Booking, Koolen resolveu investir em startups. E o Brasil é um de seus lugares preferidos para investimento. Além de ser dono de uma fazenda de leite no País, a Agri Brasil, ele também criou um fundo de venture capital.

Trate-se do Koolen & Partners, que conta com Guga Stocco, Rodrigo Borges e Marcello Gonçalvez, todos da Domo Invest. O fundo já investiu na Hotmart e na Gympass – esta última, um unicórnio brasileiro, como são chamadas as startups que valem mais de US$ 1 bilhão.

Abaixo, a tradução do post de Koolen, que avisa: “Esta não é uma receita, nenhuma orientação e nenhuma garantia de que ela esteja completa ou sempre funcione. Mas estou apenas compartilhando minhas próprias experiências.”

Confira a íntegra da mensagem:

Lições aprendidas de situações de crise anteriores sobre o ponto de vista da empresa. Esta não é uma receita, nenhuma orientação e nenhuma garantia de que ela esteja completa ou sempre funcione. Mas estou apenas compartilhando minhas próprias experiências.

Leve a sério. Não negue. Então, aceite e “tome o seu remédio”.

Investigue e tente entender a situação.

Fique calmo, mas faça um plano e aja. Não espere até que seja tarde demais. Quanto mais cedo você agir, mais chances terá de ter um bom resultado.

Aja rápido, mas de forma atenta. Se apresse, mas não corra. Tente não cometer muitos erros. Às vezes, ajuda "contar até 10" e pensar um pouco mais antes de agir ou decidir.

Mantenha-se atualizado e atento. A situação mudará muitas vezes, continuamente, a cada hora. Às vezes, a cada minuto. Siga o progresso, em todas as direções.

Atualize seu plano sempre que necessário, você pode tomar as ações e decisões erradas, mas se descobrir os erros apenas enfrente-os e não se envergonhe. Repare seus erros o melhor e o mais rápido possível.

Tente encontrar e analisar os fatos/dados.

Você não pode fazer isso sozinho! Forme uma equipe de crise. Elas podem ser pessoas muito diferentes das que você tinha até agora em sua equipe principal. Peça a ajuda necessária. Esteja aberto para ajudar. Mas não perca tempo.

Comunique! Todo mundo se importa e todo mundo é curioso. Continue se comunicando, seja honesto, envolva os outros, ouça e observe o que acontece. Reúna-se frequentemente com sua equipe de crise e garanta que todos estejam sempre atualizados. Às vezes, nos reuníamos a cada hora, todos os dias, por 5 minutos.

Seja bom com seu pessoal, clientes e outras relações importantes. Fique em contato com eles.

Todo mundo reage de forma muito diferente e você não pode culpá-los. O pânico é um animal estranho. Perdoe as pessoas por isso, entenda que todos reagimos de maneira diferente a uma crise. Gaste tempo para cuidar e se acalmar pessoas que estão realmente em pânico.

Se as pessoas estão doentes, elas estão doentes. Em caso de dúvida, peça ajuda médica. Se você não é médico, você não é médico! Tenha cuidado com conclusões ou conselhos.

Não tente forçar as pessoas a tomar decisões. Mostre compreensão por elas em suas decisões e pensamentos. Converse com elas e deixe-as à vontade quando achar que isso ajuda.

Não faça cortes demais na organização se isso não for necessário, pois isso aumenta seus desafios e a velocidade de recuperação.

Não reduza os custos para desacelerar. Sua empresa pode não sobreviver. Seja realista. Saiba onde você está. Somente as empresas que sobreviverem poderão se recuperar após a crise.

Após uma crise, haverá algumas diferenças fundamentais no mercado. Descubra e as entenda. Aprenda a lidar com elas. Ajuste sua empresa sempre que necessário. Cada crise também tem novas oportunidades.

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