Nos últimos 19 meses, a Tiger Global investiu US$ 19 bilhões em startups de tecnologia. A ideia da gestora de Chase Coleman era aproveitar o bom momento das empresas durante a pandemia. Passada a euforia do mercado, no entanto, o cenário mudou.

Em mais um sinal de correção de preços no mercado de tecnologia, a Tiger Global está reduzindo o valuation de parte de suas investidas. A correção de preços pode ajudar a atrair novos acionistas para as investidas – permitindo o crescimento das companhias, ou o próprio desinvestimento da gestora.

A gestora de capital de risco já trabalha com uma desvalorização de 8% nos investimentos feitos em seu fundo de capital privado lançado em outubro do ano passado no valor de US$ 12,7 bilhões, de acordo com documentos obtidos pelo site The Information,.

Não se sabe com precisão quanto a gestora já utilizou deste capital. Os documentos obtidos pelo The Information mostram apenas que, em 30 de junho, a Tiger Global ainda tinha cerca de US$ 2 bilhões deste montante para realizar novos aportes.

Entre as startups que tiveram seu valuation reduzido estão a OpenSea, que opera um marketplace de NFTs, e a Lacework, que atua no ramo de segurança cibernética. No caso da OpenSea, os documentos informam que a investidora já registra um prejuízo de pelo menos US$ 89 milhões com o ativo.

A OpenSea é apenas uma das empresas do setor de criptoativos que estão vendo seu valor de mercado derreter nos últimos meses. O maior exemplo talvez seja a FTX, outra investida da Tiger Global. Nesta semana, a exchange chegou a firmar um acordo de M&A com a rival Binance, mas sua concorrente desistiu do negócio um dia depois.

Em relação a Lacework, a Tiger Global participou de um round de Série D de US$ 525 milhões na startup em janeiro de 2021. E dobrou o valor em dezembro ao participar de uma rodada de US$ 1,3 bilhão e que avaliou a companhia em US$ 8,3 bilhões. De acordo com os documentos, a Tiger já considera que sua participação no negócio esteja valendo menos do que o valor investido.

A Tiger Global investiu também na MoonPay, outra empresa de cripto. No ano passado, a empresa de capital de risco liderou um aporte de US$ 555 milhões na fintech, que passou a ser avaliada em US$ 3,4 bilhões, valor que também deve ter passado por uma correção recente.

O movimento de redução do valuation vem se tornando mais comum nos últimos meses. O Softbank, por exemplo, recentemente reduziu o valor de mercado da rede indiana de hotéis Oyo de US$ 10 bilhões para US$ 2,7 bilhões.

Os resultados adversos da Tiger Global chamam atenção porque a gestora vinha numa crescente nos últimos anos e havia conquistado, ao lado do Softbank, um papel de protagonista entre os agentes de venture capital. No ano passado, a gestora fez 358 investimentos em startups. Em 2022, até o novembro, foram 286, segundo dados do Pitchbook.

A situação parece ainda pior no mercado público. O exemplo é o fundo de US$ 6,7 bilhões lançado pela Tiger Global em março de 2021. Em setembro do ano passado, os investimentos estavam com alta de 69%. Em junho deste ano, a taxa de retorno anualizada caiu para 13%.

Com as quedas, a Tiger Global estima que ativos públicos e privados estão avaliados em US$ 63 bilhões, sendo que US$ 45 bilhões correspondem ao portfólio privado. Entre os principais investimentos estão Bytedance, Shein, Flipkart, Razorpay e Stripe. Juntas, essas cinco empresas correspondem a 20% da carteira privada.