Madri - O veredito é unânime: não existe uma fórmula mágica para transformar uma startup em um unicórnio. No entanto, investidores de gestoras como Everywhere Ventures, Assembly Ventures e Broadhaven Ventures afirmam que há alguns caminhos que tornam a missão de obter uma avalição bilionária menos complicada.

Para Jenny Fielding, co-fundadora da Everywhere Ventures, gestora americana que investe em startups em early stage, é possível identificar já nas conversas para captação as startups que têm maior potencial para se tornarem bilionárias. Um sinal é a quantidade de dinheiro pretendida.

“Gostamos de fundadores que sabem que não precisam arrecadar milhões de dólares desnecessários, que se transformam em valuations inflados”, afirmou Jenny durante o painel realizado no South Summit Madrid na quinta-feira, 8 de junho. “Queremos empresas que já no early stage estejam pensando sobre os unit economics do negócio.”

Para ela, a exuberância dos últimos anos colocou as startups em um caminho oposto de se tornarem unicórnios. “Houve exagero em relação ao growth”, diz Jenny. “Você pode ter um crescimento lento e estável e, ainda assim, atingir seu objetivo.” Neste caso, é preciso ter foco, segundo ela.

Co-fundador da Assembly Ventures, gestora que investe em startups ligadas à mobilidade, Chris Thomas afirmou durante o painel que é preciso identificar startups em que os fundadores estejam realmente focados em construir um negócio bilionário. “Você quer empreendedores que busquem mais do que capital, mas também expertise”, afirma.

No que diz respeito a foco, Michael Sidgmore, da Broadhaven Ventures, gestora com foco em negócios do setor financeiro, cita a necessidade de montar uma equipe que seja especializada no setor em que o negócio está inserido. Ou, pelo menos, ter gerentes com essa característica. Ele cita como exemplo uma investida da gestora que passou a incorporar serviços financeiros em sua operação a partir da montagem de uma equipe especializada nisso.

Unicórnios raros

Chegar a uma avaliação bilionária se tornou mais difícil nos últimos anos. Dados do Pitchbook informam que 308 startups cruzaram a fronteira de um valuation bilionário em 2022. No ano anterior haviam sido 596 startups que ganharam a alcunha de unicórnio.

Ao mesmo tempo, o valuation dessas startups também diminuiu consideravelmente. Em média, as startups estavam avaliadas em US$ 1,6 bilhão contra US$ 1,8 bilhão em 2021. Já o valor total somado foi de US$ 556 bilhões contra US$ 1,2 trilhão.

Uma série de fatores são responsáveis pela queda no número de unicórnios, mas tudo está relacionado com a diminuição do apetite dos investidores para negócios em estágios mais avançados de captação e nos quais os cheques já movimentam algumas centenas de milhões de dólares.

Com o mercado econômico em uma situação mais delicada devido ao aumento na taxa de juros nos Estados Unidos e a falta de um direcionamento claro sobre como algumas startups poderiam, eventualmente, tornarem-se rentáveis, houve maior conservadorismo no venture capital.