Um dos nomes mais conhecidos do venture capital brasileiro, o empresário Fersen Lambranho criticou o uso – ou melhor, a falta do uso – de dinheiro em empreendimentos na Amazônia. Ao mediar um painel no South Summit Brazil, o sócio da GP Investments, afirmou que, para obter resultados melhores, é preciso mudar a forma como o capital de risco é empregado na Amazônia.
“Tem muito dinheiro para o meio ambiente no mundo. Temos de evitar que o ‘dinheiro dos tolos’ aconteça”, disse Lambranho. Para ele, o problema está em como o capital que é levantado pelos fundos vem sendo utilizado. “É muito fácil captar dinheiro, difícil é empregá-lo de forma correta.”
Lambranho não foi o único que criticou a maneira como o venture capital é feito na Amazônia. No mesmo painel, o engenheiro florestal Mariano Cenamo, cofundador do Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Idesam) e desde 2021 à frente também da Amaz, uma aceleradora de negócios de impacto na região, corroborou as palavras do também sócio da G2D.
Para Cenamo, os investidores de venture capital que estão acostumados com o curto prazo precisam entender que a corrida atrás do retorno na Amazônia é diferente. “Os fundos devem se preparar para correr maratonas", disse ele. "Vão investir em negócios que poderão transformar a economia, mas de forma sistêmica."
Criada em 2021, a Amaz nasceu de uma remodelagem de um antigo programa de aceleração de negócios na Amazônia, a Plataforma Parceiros da Amazônia. O fundo foi criado já com R$ 25 milhões para investir em startups early stage.
No fim do ano passado, a aceleradora realizou a segunda seleção de startups que passarão por seu programa que começou neste ano. As empresas Cumbaru, Impacta Finance, Ekilibre Amazônia, Mazô Maná Forest Food e Manawara foram as selecionadas da vez.
A Amaz não é a única empresa de investimento que está de olho em negócios no coração florestal do Brasil. Em março de 2022, a Bertha Capital firmou um acordo com a Federação das Indústrias do Estado do Amazonas para a criação de um fundo com o objetivo de investir R$ 100 milhões em fintechs, traveltechs e negócios que fortaleçam a indústria 4.0 e a bioeconomia. Os cheques ficam entre R$ 500 mil e R$ 5 milhões.
Outra gestora de olho nesse mercado é a MOV Investimentos. Em seu segundo fundo, a empresa de venture capital fundada e comandada por Paulo Belloti levantou R$ 70 milhões para investir em soluções voltadas para bioeconomia que ajudem na preservação e na regeneração florestal. O plano é aportar em até 8 startups com um cheque inicial de R$ 5 milhões. O restante do valor deverá ser utilizado para follow on.