Fintech especializada no mercado imobiliário, a CredAluga captou R$ 60 milhões no fim de setembro, em aporte liderado pela Provence Partners. E que foi acompanhado por Caravela Capital, Honey Island 4UM e Norte Ventures, que já investia na startup, fundada em 2022.

Agora, a empresa está revelando um novo “inquilino” que passou a fazer parte do seu captable a partir dessa rodada: a OLX, marketplace de classificados online que contribuiu com um cheque de US$ 5 milhões (cerca de R$ 25 milhões) em troca de uma fatia minoritária – não revelada – na operação.

“Qualquer inquilino do Brasil procura imóvel num dos três portais da OLX, assim como a maioria esmagadora das imobiliárias precisa deles para gerar lead”, diz Guilherme Blumer, cofundador e coCEO da CredAluga, ao NeoFeed. “Isso nos dá um ganho de três a cinco anos nos nossos planos.”

Um outro número dá a dimensão de como o novo sócio pode acelerar essa equação a partir de seus três portais imobiliários – OLX, ZAP e VivaReal. Com eles, a OLX atende cerca de 34 mil clientes, entre imobiliárias e corretoras. E esse braço de imóveis já responde por mais da metade da sua receita.

Quem fez a ponte entre as duas empresas foi a Prosus, gigante holandesa de tecnologia que controla a OLX e negócios como o iFood. E com a qual a CredAluga teve contato durante as negociações para a rodada de R$ 60 milhões.

“Eu já conhecia o Blumer e o Daniel Santos, seu sócio, de outras vidas no mercado imobiliário”, diz Marcos Leite, chief revenue officer (CRO) da OLX. “E quando juntamos a tecnologia e o produto deles com a nossa distribuição e credibilidade, vimos que podíamos fazer algo ainda mais estratégico no setor”.

A CredAluga investe em dois produtos com a tese de substituir a figura tradicional do fiador nos contratos de locação. O primeiro é a Fiança CredAluga, no qual a fintech cobra do inquilino um percentual do aluguel, que varia entre 9% e 15%, como garantia locatícia.

Já o segundo, lançado no fim de 2024, é o Fundo CredAluga, cujas cotas são dadas como garantia do aluguel e que já tem mais de R$ 30 milhões sob gestão. Com um modelo B2B2C, os dois produtos são distribuídos por uma base que já conta com 1,5 mil imobiliárias, em mais de 500 cidades do País.

“Uma outra questão fundamental que nós olhamos foi a quantidade e a capacidade de geração de dados que a OLX tem”, diz Blumer. “E como esse volume de informações que vamos ter acesso agora nos coloca à frente do mercado e vai nos permitir criar outros produtos.”

Ele não revela o que pode sair desse forno e ressalta que, como a união é recente, os planos a quatro mãos ainda estão sendo desenhados. O fato é que o pontapé dessa conexão será dado em novembro, inicialmente, pelo caminho mais óbvio, com a oferta dos produtos da fintech aos clientes da OLX.

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Guilherme Carvalho (à esq.) CFO da OLX, Olivier Aizac, CEO do grupo, Guilherme Blumer, cofundador e coCEO da CredAluga, Rafael Nader, VP de Imóveis da OLX, e Marcos Leite, CRO da empresa

Em paralelo, a OLX colocará um ponto final no acordo que mantinha há cerca de dois anos com a Creditas nesse mesmo espaço. A antiga parceira seguirá garantindo, porém, os contratos de aluguel que as duas firmaram nesse período.

“Os aprendizados que tivemos mostram que existe um potencial muito grande a ser explorado”, afirma Leite. “E, com a CredAluga, que é especializada e tem um foco maior nessa modalidade, estamos entrando um pouco mais nessa jornada e podemos fazer uma diferença ainda maior nesse mercado.”

Além da Creditas e da Loft, os principais rivais no segmento são seguradoras como a Porto, com o seguro fiança. Em contrapartida, um dos nomes que deixaram o segmento recentemente foi o QuintoAndar, o que tem beneficiado a CredAluga e seus pares, de olho em um mercado bilionário.

“O tamanho total do mercado de locação hoje no Brasil é de cerca de R$ 36 bilhões e tem sido ainda mais impulsionado pela taxa de juros elevada”, diz Leite. “E com essa tecnologia da CredAluga em grande escala, vamos convencer muitas outras imobiliárias a entrar nesse segmento.”

Do discurso à prática, a CredAluga, que atualmente tem mais de 30 mil contratos sob administração, tem como uma de suas metas multiplicar por dez esse número até 2030. “Estamos juntando a fome com a vontade de comer e teremos um ganho absurdo de velocidade com a OLX”, conclui Blumer.