O mundo registra, a cada ano, 20 milhões de casos de acidente vascular cerebral (AVC). Conhecida popularmente como derrame, é a segunda maior causa de morte por doença, atrás apenas dos distúrbios cardiovasculares. A detecção precoce não apenas salva vidas, como diminui o risco de sequelas.

De modo o acelerar o atendimento de pacientes sob suspeita de AVC, quatro estudantes da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, fundaram, a Upfront Diagnostics em 2017. Gonzalo Ladreda, Edoardo Gaude, Joshua Benrstock e Marcos Ladreda desenvolveram um exame rápido para o diagnóstico das vítimas do tipo mais comum de derrame, o isquêmico agudo, causado por oclusão de grandes vasos (LVO, na sigla em inglês).

Batizado LVOne, o teste usa apenas uma gota de sangue para encontrar biomarcadores específicos, descobertos pelo quarteto. Um aparelho, também criado pela Upfront, faz a leitura dos resultados em 15 minutos – como é portátil pode ser usado pelos paramédicos, a caminho do hospital.

Com isso, segundo os fundadores da startup, o tempo de diagnóstico é reduzido em uma hora e meia, em média. Um tempo precioso que pode reduzir em 20% a incidência de danos cerebrais permanentes. O derrame por LVO é a principal causa de incapacitação no mundo.

Tradicionalmente, um AVC é diagnosticado por meio de exames de imagem, como a tomografia computadorizada – o que, além de mais demorado, custa caro. Para cada 15 minutos de tratamento precoce, economiza-se cerca de US$ 60 mil, por paciente.

Ou seja, quando um derrame é identificado cedo, todos ganham –pacientes, profissionais e sistemas de saúde. Globalmente, hoje em dia, os gastos com o atendimento e tratamento das vítimas de AVC giram em torno dos US$ 120 bilhões.

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O teste da Upfront usa apenas uma gota de sangue

A Upfront validou sua tecnologia mediante o acompanhamento de 270 pacientes, internados no Royal Victoria Infirmary Hospital, na cidade de Newcastle, Reino Unido. Recentemente a healthtech levantou £ 1,6 milhão. A rodada foi liderada pelo APEX Ventures, empresa de VC sediada em Viena e focada em deep tech.

Várias startups do ecossistema healthtech investigam meios de acelerar o diagnóstico de AVC. Quanto mais tempo o paciente passa sem tratamento, maior é a probabilidade de perda definitiva de tecido cerebral. Um grupo do Hospital Johns Hopkins, nos Estados Unidos, está treinando algoritmos para que a inteligência artificial identifique sinais físicos, como a paralisia de determinados músculos faciais ou movimentos anormais dos olhos.