Fintech de crédito imobiliário criada em 2018, a Homelend buscou no financiamento de casas industrializadas uma opção para se diferenciar nesse terreno. No fim de 2021, esse modelo ganhou mais um pilar com a criação da TecHome, que passou a responder pela construção dessas residências.
Agora, a startup está avançando mais algumas casas nessa tese com uma captação de R$ 50 milhões via Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs). Aqui, a empresa também buscou uma alternativa, ao estruturar um veículo a “quatro mãos” com a RBR Asset.
“É um produto que não estava disponível e que envolve o financiamento de uma casa personalizada, que ainda não foi construída”, diz Guilherme Porto Bruno, cofundador e CEO da Homelend, ao NeoFeed. “É um CRI que não é uma dívida da empresa. Esse investidor vai financiar diretamente o cliente final.”
Ele explica que o veículo em questão prevê liberações parciais de recursos à medida que cada obra for avançando em suas etapas. “Consigo andar na velocidade do cliente e não preciso me endividar ou ter capital de giro para começar a obra e entregar o imóvel”, afirma Bruno.
Ao resolver essa equação do financiamento da obra – uma dor tradicional do setor, a Homelend vai usar o montante captado para financiar casas com prazos de até 30 anos e taxas a partir de 11,53%. A linha de crédito vai cobrir até 80% do valor total dos imóveis.
A velocidade é também um dos pontos realçados na proposta da fintech. Por meio da TecHome, seu braço de construção, a startup leva, em média, dois meses para entregar uma casa de 200 metros quadrados, contra o prazo convencional nessa indústria de 18 meses.
Esse modelo foi aprimorado desde o início de 2024, quando a startup levantou uma rodada de R$ 35 milhões liderada pela gestora Astella, que já investia na operação – desde a sua fundação, a empresa captou um total de R$ 160 milhões.
Boa parte do montante captado foi destinado à instalação de uma fábrica da TecHome em Americana, no interior de São Paulo. O local abriga ainda uma usina fotovoltaica, com capacidade de 120 megawatts.
Os projetos já saem praticamente prontos da unidade, com todas as instalações hidráulicas, elétricas, conexão de internet, cômodos e demais componentes integrados. Além de recursos como sistemas de acesso digital, câmeras inteligentes de segurança e sensores de umidade, fumaça, presença, etc.
As casas são “montadas”, posteriormente, no local escolhido pelo cliente, em um sistema de “plug and play”, que, cada vez mais, dispensa a necessidade da presença de eletricistas, encanadores e afins in loco. Em um dos exemplos, todos os banheiros, cozinhas e lavanderias são instalados em 45 minutos.
Nesse quebra-cabeças, a startup oferece, a princípio, 18 modelos de casas pré-desenhados. Esses projetos, por sua vez, comportam cerca de 174 opções para os clientes. O que pode incluir desde o número de quartos e suítes até o tamanho da área gourmet da residência.
Com essa proposta, a startup financia e constrói casas, em média, de 170 metros quadrados. O preço – excluindo o valor dos terrenos - varia de R$ 600 mil a R$ 700 mil. A empresa atua num raio de até 70 quilômetros das cidades de Campinas, Sorocaba e São José dos Campos, todas no interior de São Paulo.
“A estimativa é de que esse cinturão concentre 60% do VGV (Valor Geral de Vendas) de lotes no estado de São Paulo, com uma demanda anual por 10 mil casas nesse padrão que nós construímos”, diz Bruno. “Então, ainda temos muito o que fazer nessa região antes de pensar em expansão.”
Na outra ponta desse modelo, os terrenos, a Homelend tem um landbank “virtual”, por meio de parcerias com 80 loteadores da região cadastrados em sua plataforma. Atualmente, são 100 mil lotes, que somam um VGV de R$ 25 bilhões.
A partir desse modelo, a Homelend contabiliza, até aqui, cerca de R$ 500 milhões destinado ao financiamento de residências. Com a captação, o plano da startup é fechar 350 projetos em 2025 e dobrar esse volume de casas financiadas e construídas em 2026.
No meio desse caminho, a empresa vai buscar uma nova captação. Dessa vez, porém, via equity, o que deve acontecer até o fim do ano. E cujos recursos serão aplicados para avançar ainda mais na industrialização e, principalmente, em marketing, em ações conjuntas de lançamentos com loteadores.
“Essa captação via CRI era essencial para darmos esse próximo passo, pois, do contrário, teríamos que levantar mais que o dobro do que vamos buscar”, diz Bruno. “E, sinceramente, acho que não seríamos ouvidos por 90% dos fundos. Porque capital de risco é para financiar crescimento. E não capital de giro.”