Fundada em 2020 pelo brasileiro Leonardo Morgatto e o italiano Simone Surdi, a startup Tabas acabou ganhando espaço em um mercado que, antigamente, era visto com maus olhos no setor imobiliário e que, mais recentemente, passou a atrair a atenção de grandes players: a sublocação de imóveis. Mas não ganhou apenas espaço.

A companhia acaba de anunciar um aporte de quase US$ 14 milhões. Desse total, está levantando US$ 6,6 milhões numa rodada de equity liderada pela PropTech Blueground, empresa que atua com aluguéis flexíveis de imóveis nos Estados Unidos, Europa e Oriente Médio, e outros US$ 7,3 milhões numa operação de venture debt com outros investidores mantidos em sigilo.

O modelo de negócio da empresa consiste na sublocação. Primeiro, a startup aluga imóveis junto aos proprietários, depois reforma e decora os apartamentos. O terceiro passo é ofertá-los em sites de aluguel, mas com contratos flexíveis em relação ao tempo em que o imóvel será ocupado. É possível, por exemplo, fazer contratos de apenas um mês.

“As pessoas que compram imóveis como ativos financeiros encontram um mercado imobiliário muito fragmentado e com falta profissionais que façam a gestão dos imóveis de maneira eficiente. É esse mercado que a Tabas quer ocupar”, diz Leonardo Morgatto, fundador e CEO da startup.

Um mercado que tem players bem-posicionados como a Housi, da Vitacon; a Nomah, da Loft, a mexicana Casai e a Yuca. Mas, ao mesmo tempo em que compete com alguns deles, também usa suas estruturas digitais para disponibilizar os apartamentos de sua base. Alguns imóveis da Tabas podem ser encontrados, por exemplo, na Housi. São apartamentos que variam entre 35 m² e mais de 200 m².

Formado em engenharia de produção, o empreendedor conta que a ideia do negócio surgiu quando ele e Surdi, que é formado em física, estavam em Londres trabalhando em empresas e encontraram dificuldade em buscar um imóvel com contrato flexível e preço acessível.

O italiano Simone Surdi e o brasileiro Leonardo Morgatto fundaram a startup em 2020

Trazida então para o Brasil, a ideia é fisgar quem não quer se prender a contratos longos de aluguel e já busca por um apartamento pronto para se mudar e equipado com televisão, geladeira, máquina de lavar, fogão, ar-condicionado, entre outros eletrodomésticos e eletrônicos.

“Para o proprietário é uma vantagem porque ele recebe o apartamento de volta já reformado e mobiliado”, afirma Morgatto. Segundo ele, as reformas são realizadas principalmente na cozinha e no banheiro, mas não envolvem mudanças complexas nas partes hidráulica e elétrica.

De acordo com a Tabas, o tempo médio de permanência em cada imóvel é de 4 meses e a taxa de ocupação dos imóveis que a companhia aluga está em torno de 93%. O preço médio é voltado para um público de classe A e varia entre R$ 5 mil e R$ 35 mil, de acordo com o imóvel. O valor já inclui todas as contas, como condomínio, IPTU e até eletricidade e internet.

Por ora, a companhia atua somente em São Paulo, mais concentrada nos bairros Jardins e no Itaim; e Rio de Janeiro, com presença em Ipanema e Leblon. O plano de expansão consiste em buscar imóveis em bairros com preços mais acessíveis e que permitam que a companhia ofereça pacotes a partir de R$ 4 mil.

O dinheiro será usado para escalar a operação da empresa que já conta com 400 apartamentos alugados e prevê chegar a 1.200 imóveis sob gestão até o fim deste ano. A Tabas aposta na recuperação do mercado de locação pós-pandemia.

Um levantamento realizado pela Lello Imóveis estima um aumento entre 25% e 30% no número de contratos de aluguel que devem ser fechados em São Paulo, entre janeiro e março, em decorrência do avanço da vacinação e da volta às aulas presenciais.

Além de possibilitar que a startup firme novos contratos de aluguel para sublocar mais imóveis, o dinheiro levantado também será voltado para investimentos em tecnologia e na contratação de novos profissionais, ampliando o time atual de 85 para 120 funcionários.

Assim como outras startups que atuam no mercado imobiliário, a Tabas também está de olho na expansão do modelo de negócios com o lançamento de produtos financeiros, como o adiantamento do fluxo de caixa de aluguel para um proprietário durante um longo período.

Neste caso, isso deverá ser feito com ajuda externa. “O risco da operação financeira a gente já conhece, mas vamos ter um parceiro comercial para funcionar como um financiador desta linha de crédito”, diz Morgatto. A meta é tornar o produto disponível ainda neste ano.