O brasileiro Victor Lazarte, cofundador da startup de games Wildlife Studios, avaliada em US$ 3 bilhões na mais recente rodada, em 2020, e que ganhou ao se tornar general partner da prestigiada Benchmark, está estruturando o primeiro fundo de sua própria gestora.
E, ao contrário da experiência de outros novos entrantes, ele vem sendo bem-sucedido em levantar recursos. O fundo criado por Lazarte, batizado de VL Fund, obteve cerca de R$ 200 milhões em compromissos de aportes, acima da meta inicial de US$ 180 milhões, segundo o The Wall Street Journal (WSJ).
Entre os investidores está Henrique Dubugras, cofundador e presidente do conselho da Brex, startup avaliada em US$ 12,3 bilhões. Ao WSJ, ele afirmou que foi um dos maiores aportes que já realizou e que teria investido mais, não fosse o interesse de outros participantes.
Lazarte é membro independente do conselho da Brex há anos, segundo Dubugras. Ele participou do seed round da empresa em 2017. “A Brex não estaria aqui se não fosse por ele [Lazarte]”, disse.
Fontes ouvidas pelo WSJ revelaram que Lazarte informou a potenciais investidores que o fundo aplicará em cerca de dez empresas, assinando cheques de até US$ 40 milhões.
O valor está bem acima da mediana das rodadas Série A em 2025, de US$ 11,2 milhões. Cheques desse tamanho têm sido direcionados a companhias de inteligência artificial (IA) generativa, que demandam mais capital.
A proposta de concentrar investimentos em apenas dez empresas também foge ao padrão. Segundo dados da consultoria Carta, gestoras de venture capital com US$ 100 milhões a US$ 200 milhões costumam ter cerca de 25 startups no portfólio.
A filosofia é semelhante à da Benchmark, que mantém um número enxuto de investimentos para que os sócios possam dedicar mais tempo a cada empresa.
Lazarte decidiu abrir sua própria gestora após dois anos como general partner na Benchmark, uma das gestoras mais prestigiadas do venture capital no Vale do Silício.
Ele chegou à Benchmark após deixar a startup brasileira de games Wildlife, da qual é cofundador e foi CEO. Na gestora, foi um dos cinco general partners em early stage.
Entre outras iniciativas, liderou a rodada Série A da Mercor, empresa que recruta especialistas para treinamento de IA e que recentemente foi avaliada em US$ 10 bilhões.
Fundada em 1995, a Benchmark ganhou fama ao investir em nomes como Uber, Tinder, WeWork, além da própria Wildlife. Desde sua origem, realizou 851 investimentos, com 340 saídas, segundo dados do Pitchbook.
Ao anunciar sua saída da Benchmark, em postagem no X em julho, Lazarte afirmou que deixava a gestora para “construir uma nova prática de investimentos”, mantendo-se ativo na liderança de rodadas.
O valor levantado em seu primeiro fundo representa uma vitória diante das dificuldades enfrentadas por novos entrantes. Dados do relatório PitchBook-NVCA Venture Monitor mostram que apenas 68 novos fundos conseguiram captar recursos nos primeiros nove meses de 2025 nos Estados Unidos.
Este é o menor ritmo da década. No ano passado, 183 novos fundos haviam conseguido levantar recursos, número que já era o mais baixo em dez anos.