Quando resolveu fundar a gestora Kijani, em meados de 2021, em meio a pandemia do novo coronavírus, Bruno Santana quase alugou um escritório na avenida Faria Lima, em São Paulo, região onde estão localizadas as principais instituições financeiras do País.

Mas as contingências da vida, bem como uma burocracia da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), fez com que Santana decidisse ir – ao menos, temporariamente – para a Londrina, no interior do Paraná, cidade onde viveu dos oito aos 21 anos.

Mais de dois anos depois, a Kijani, que se especializou no agronegócio, não pretende deixar Londrina, pois acabou se tornando uma gestora que põe o "pé no barro" para fazer a ponte entre os empresários do agro com o mercado de capitais.

“O agronegócio é sub-representado no mercado financeiro”, diz Bruno Santana, fundador e CEO da Kijani, em entrevista ao Café com Investidor, programa do NeoFeed que entrevista os principais investidores do Brasil e é um oferecimento do Itaú Personnalité. “O agro representa 25% do PIB, mas só tem algo em torno de 5% a 10% do mercado financeiro.”

O primeiro passo dessa estratégia foi o Fiagro Kijani Asatala, que tem um patrimônio de quase R$ 700 milhões e 15 mil investidores pessoas físicas, investindo de forma diversificada na cadeia do agronegócio brasileiro.

Os Fiagros (Fundo de Investimento em Cadeias Agroindustriais) são uma modalidade muito nova do mercado de capitais, que está pouco a pouco ganhando corpo entre os investidores. Segundo o boletim trimestral da CVM, entre junho e setembro de 2023 o patrimônio líquido total dos Fiagros subiu de R$ 14,7 bilhões para R$ 18,7 bilhões, o que representa um avanço de 27%. Na comparação com dezembro de 2022, quando foi divulgado o primeiro boletim CVM de agronegócio, os Fiagros cresceram 78%.

Depois do Fiagro, a Kijani começou a explorar a sua vertente private equity com o investimento da Genesis Group, que presta serviços pré e pós-colheita e já realizou três M&As desde que recebeu investimento da gestora.

Os recursos desse investimento vieram de capital próprio e de “family and friends”, no formato club deal. Mas o plano da Kijani é estruturar um fundo para que possa acessar bolsos mais fundos em 2024.

Os planos da Kijani são também de entrar em novas classes de ativos em 2024. Um deles é o do real estate. A Kijani prepara um fundo para comprar terras que buscará captar algo próximo a R$ 500 milhões. “Vamos lançá-lo tão logo a Selic cair abaixo de 10%”, afirma Santana.

Na área imobiliária, a Kijani pretende também investir em silos e estruturas de armazenagem ainda no primeiro semestre de 2024. Primeiro, a ideia é fornecer crédito. Depois, até participar da incorporação desses empreendimentos agropecuários.

Outra estratégia da Kijani que vai ser colocada em prática é o lançamento de fundos de investimento em direitos creditórios (FDICs). A gestora já fez alguns testes com alguns clientes e deve estruturar novos veículos em 2024.

Nesta entrevista, que você ouve no vídeo conta mais sobre como a Kijani surgiu, analisa o gap entre o agro e o mercado de capitais e fala se a Faria Lima entende ou não o agronegócio.