Conversar sobre dinheiro ainda é um tabu na sociedade, mas não deveria ser entre casais. A falta de comunicação sobre os gastos, o destino dos investimentos e a realização de grandes sonhos pode ser fatal para o relacionamento. Segundo uma pesquisa do IBGE, cerca de 60% dos divórcios têm motivações financeiras, muitas vezes decorrentes da falta de alinhamento.
Gustavo Cerbasi, especialista em inteligência financeira e autor do best-seller Casais inteligentes enriquecem juntos, e Paula Bazzo, educadora e planejadora financeira da Planejar (Associação Brasileira de Planejamento Financeiro), discutiram no Wealth Point como trazer a discussão para a mesa e fazer um planejamento financeiro em conjunto com o objetivo de enriquecerem juntos.
Para eles, a conversa precisa começar assim que o relacionamento se tornar sério, ainda no namoro. “Já dá para perceber a relação da pessoa com o dinheiro nas primeiras decisões. Quem vai pagar o jantar? Vamos dividir? Como pagar o ingresso daquele show ou uma viagem? É importante saber em que patamar cada um está e quais são as prioridades de cada um”, diz Cerbasi.
Para Paula Bazzo, é importante saber não necessariamente o salário do parceiro, mas ao menos o seu custo de vida e qual é o padrão de vida que pretende ter. “Se você dorme com uma pessoa, tem que ser capaz de dialogar sobre tudo. Caso contrário, não há realmente intimidade com essa pessoa.”
Ao decidir casar ou morar junto, surge a dúvida: juntar as finanças, fazer ou não uma conta conjunta? Pode-se optar por juntar tudo, uma parte, ou até mesmo deixar as contas separadas, desde que o planejamento seja feito em conjunto, segundo os especialistas. Mas, do ponto de vista de risco, o melhor pode ser diversificar.
“No caso de falecimento, as contas conjuntas são bloqueadas e levadas a inventário, o que pode dificultar o acesso a recursos em um momento de fragilidade”, diz Paula.
Por outro lado, juntar os patrimônios ajuda a gerir objetivos comuns, além de proporcionar acesso a melhores produtos de investimento. Com isso, muitas vezes, o casal passa a integrar uma categoria mais premium dentro de uma instituição financeira. E, ao investir juntos, é importante que ambos acompanhem o que está sendo gerido.
E se quem casa quer casa, Cerbasi acredita que a decisão pela casa própria deve ser adiada até que o casal esteja completamente estável na profissão. Outra decisão importante é o tamanho da família. Ambas impactam todo o planejamento financeiro familiar.
“Uma grande armadilha é decidir, logo no início da vida a dois, pela casa dos sonhos e partir para o máximo possível de gasto com esse bem. Isso vai ancorar tudo que o casal fizer dali em diante. E assim, compromete-se a estratégia da família de enriquecer.”
Ao mesmo tempo em que se definem esses e outros objetivos de médio prazo, o casal não pode deixar de pensar no longo prazo. É preciso, desde cedo, guardar para a aposentadoria e pensar em como assegurar os recursos da família diante da fatalidade de uma morte precoce.
Mas, em meio a tudo isso, não se deve deixar de gastar com o que realmente importa e traz felicidade. “O dinheiro é um meio, e essa não deve ser uma conversa pesada, mas natural entre pessoas que se amam e querem construir juntas uma vida melhor para ambos”, afirma Paula.