A desindustrialização brasileira, para Jorge Gerdau Johannpeter, co-controlador da Gerdau, é fruto de um conjunto de entraves que encarecem produzir no país: do sistema tributário à logística, passando por educação e custo de capital.
Em entrevista durante o NeoConference 2025, evento do NeoFeed que discutiu os rumos do Brasil em 2026, ele afirmou que a reindustrialização exige metas claras e ação coordenada entre setor privado e classe política.
“Nosso custo Brasil soma números elevadíssimos, são cerca de R$ 1,7 trilhão em estruturas de custos a serem corrigidas. A indústria sofre muito isso, perdendo competitividade. Precisamos corrigir essas deficiências estruturais, essencialmente tributárias. Está até se tentando (com a reforma tributária), mas o IVA está saindo acima do patamar”, analisou.
Gerdau avalia que o ambiente externo adiciona pressão ao tabuleiro, com o mundo vivendo uma onda protecionista com tarifas. Para atravessar esse ciclo, o Brasil precisa mirar referências globais. “Legislação, seja em todos os campos, energia, trabalho, educação, custo, capital e saúde são todos fatores que definem a competitividade e precisam ser revistos.”
Ele defende que a agenda de competitividade seja pactuada acima da disputa eleitoral, em uma coordenação com quem quer que vença a próxima eleição. “A união do empresariado para debater no campo político das suas necessidades é absolutamente necessário", afirma Gerdau.
Questionado sobre o horizonte de curto prazo, Gerdau foi cauteloso. “Estou mais ou menos otimista. É um trabalho profundo, de longo prazo, que é preciso conjugar a definição clara do empresariado e o entendimento da área política.”