Durante o NeoSummit COP30, Ricardo Mussa, presidente da Sustainable Business COP30 (SB COP30), avaliou que a pauta climática perdeu espaço em parte do mundo. Segundo ele, os Estados Unidos deram um passo atrás, enquanto a China enxergou a transição como oportunidade. Na visão de Mussa, o Brasil ainda é a “grande estrela” no tema.
“Algumas regiões já colocam a sustentabilidade como terceira prioridade, quando há apenas três anos ela era a primeira”, afirmou ele no evento do NeoFeed. "Estamos onde muitos países querem estar daqui a 20 anos.”
“Perdemos a liderança no futebol, mas não em sustentabilidade. Somos parte da solução, mas precisamos parar de lavar roupa suja na frente do mundo e apresentar nossas conquistas com orgulho”, complementou.
Mussa também criticou a atual métrica de captura de carbono, desenvolvida para climas temperados, sem considerar a agricultura tropical, o que cria divergências enormes.
O executivo, que lidera a aliança global de empresas e instituições no debate dos interesses privados na COP, ressaltou que a conjuntura econômica tem tornado a transição climática mais complexa.
“O momento é muito mais difícil. Estamos em um ciclo de baixa. A transição energética é mais cara agora. Alguém tem que pagar essa conta”, disse, citando guerra, tarifas e juros altos. Para que os investimentos avancem, apontou, os projetos precisam garantir retorno mais alto.
Mesmo com tantos obstáculos, Mussa ressaltou que a COP30 abriu um espaço inédito para o setor privado. Um exemplo é o SB COP Awards, concurso que reuniu quase mil cases de empresas de diversos países, todos com retorno financeiro comprovado e impacto climático mensurável. Para ele, iniciativas assim colocam as companhias privadas no centro da agenda global.
“Nada mobiliza mais do que exemplos que já dão certo. O setor privado tem a agilidade para testar, corrigir e escalar soluções que funcionam, e é isso que queremos levar à COP30: provas de que é possível crescer e gerar impacto climático com retorno econômico real”, afirmou Mussa.
Para ele, em vez de lançar uma ideia nova, é preciso focar no que já está funcionando. Esse será o maior legado do setor privado na COP30.