O Brasil dificilmente criará um modelo fundacional próprio, como os LLMs desenvolvidos por empresas dos Estados Unidos e da China. A barreira de capital, dados e infraestrutura torna a competição nesse campo restrita a poucos gigantes. É o que acredita Patrick Arippol, fundador da Alexia Ventures.

Mas, na visão dele, há um caminho promissor: explorar nichos verticais com profundidade e foco. “Você não precisa absorver todos os dados do mundo para inovar. Pode atuar em um segmento específico, como varejo ou jurídico, e fazer algo extremamente competitivo”, afirmou em entrevista durante o NeoSummit IA, evento do NeoFeed.

Investidor em tecnologias baseadas em inteligência artificial há quase 15 anos, Arippol vê um novo momento para o ecossistema brasileiro. Segundo ele, o país reúne características raras que favorecem o surgimento de empresas globais.

“O brasileiro é mais criativo, mais resiliente e mais aberto à adoção de novas tecnologias do que muitos outros povos. Isso tem um valor enorme para esse tipo de construção”, disse ele.

A Alexia Ventures tem investido tanto na infraestrutura quanto em aplicações ligadas à IA generativa. Um exemplo é a startup Alexia, voltada ao setor jurídico, que aumenta exponencialmente a produtividade dos advogados com ferramentas baseadas em IA.

Para Arippol, o cenário atual é o mais transformador que já viveu como investidor, embora também o mais imprevisível:
“A velocidade com que tudo evolui é impressionante. Até mesmo os especialistas estão apenas começando a entender a profundidade do que vem pela frente".

Essa aceleração cria oportunidades e riscos. Segundo ele, a cada avanço, a infraestrutura pode se tornar obsoleta rapidamente. Ainda assim, o custo de entrada caiu, o que democratiza o acesso.

Outro ponto que chama atenção é a mudança de mentalidade entre os empreendedores brasileiros.

“Hoje você vê cada vez mais fundadores dizendo que querem construir a melhor empresa do mundo em determinado setor. Esse tipo de ambição é novo e muito bem-vindo", afirmou Arippol.