O indicador preço sobre o lucro é uma maneira de medir se uma ação está barata ou se está cara. Na Petz, esse índice está em 359,94. Em uma leitura rápida significa que o investidor está pagando caro pela empresa.

No entanto, o caso da Petz está entre as exceções. A companhia tem alguns elementos não caixa que mexem com a última linha do balanço, ou seja, são apenas contábeis e não saem do bolso da companhia.

“O lucro, no caso da Petz, não é o número que melhor reflete a companhia. Eu iria mais pelo Ebitda, que é uma proxy muito melhor de geração de caixa do que o lucro”, diz Aline Penna, CFO da Petz, ao Números Falam, programa do NeoFeed que tem o apoio do Santander Select.

Há dois fatores que explicam esse efeito contábil. O primeiro é o plano de stock option que foi emitido no auge da pandemia, quando o preço da ação estava perto de R$ 23 - em tela a PETZ3 negocia hoje a R$ 4,12.

Esse benefício aos executivos está reservado no patrimônio da companhia a R$ 23, mesmo a ação valendo cerca de 18% desse valor. Isso faz com que a empresa tenha um downside no lucro de aproximadamente R$ 25 milhões.

O segundo fator é a depreciação. Por mais que a empresa tenha crescimento no Ebitda - no terceiro trimestre, último balanço publicado, a alta foi de 14%, para R$ 74,6 milhões -, o histórico de investimento em abertura de lojas faz com que essa perda de valor com o ativo no tempo apareça nos números.

“Agora a depreciação está desacelerando e o nosso lucro vai ter uma trajetória de melhora. Mas, neste momento, ele não reflete tudo o que estamos vendo”, diz Penna.

“O filme que vemos para frente só mostra indicadores positivos”, complementa.

Desde meados de agosto do ano passado a Petz está em processo de fusão com a Cobasi. O acordo prevê a criação de uma plataforma pet nacional, com presença em mais de 140 cidades, com 494 lojas. A operação continua sob análise do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

Enquanto o aval do Cade não sai, a Petz vem investindo no aumento da participação dos produtos de marca própria, que geram melhores margens para os resultados.

Do total de vendas da companhia, 40% está no segmento não alimentar. Nesse, a empresa é dominante e consegue liderar vários segmentos, como o dos tapetes higiênicos.

O Super Secão, por exemplo, marca adquirida em 2021, é a líder de vendas tanto nas lojas Petz como nas concorrentes. Somadas às demais marcas próprias, os tapetes higiênicos representam 80% das vendas da categoria na rede.

No entanto, 60% das vendas da companhia estão na categoria food. E nessa a Petz tem uma penetração menor, principalmente em ração seca. Por esse motivo, em dezembro a empresa lançou a ração Selections, em linha com o que os pares internacionais também fazem.

“Nesse cenário de competição, é importante ter marcas que o cliente só encontra na Petz ou, eventualmente, junto com a Cobasi, marcas que só serão encontradas nas duas redes”, diz a CFO.

“A Petz está em um mercado que cresce muito, praticamente não tem dívida, o que é bom no contexto atual, e não tem incentivo fiscal”, complementa.

Com valor de mercado de R$ 1,9 bilhão, a ação da Petz acumula alta de 7% em 12 meses.