Com mais de 20 mil clientes, a Sami é uma das startups que tenta mudar a forma como o atendimento à saúde é feito no Brasil. Para atingir o estágio em que está atualmente, a healthtech precisou também se reinventar para crescer durante a pandemia e atrair investimentos para sua operação.

A Sami já levantou pouco mais de R$ 280 milhões em aportes junto a gestoras como DN Capital, Monashees, Valor Capital, entre outras. “Todas as rodadas foram difíceis e deram trabalho”, afirma Vitor Asseituno, cofundador e presidente da Sami, ao Vida de Startup, programa do NeoFeed.

Um dos obstáculos, que quase levou a Sami a perder a "saúde", foi a captação da rodada de série A. A companhia havia acordado um term sheet de R$ 90 milhões. “Mas esse é um contrato de intenção. Quando a pandemia chegou, a gente não sabia se o contrato seria honrado”, diz Asseituno.

O empresário conta que antes do dinheiro cair na conta, a companhia já havia iniciado a expansão da operação. Foram feitas contratações que aumentaram o time de 15 para 90 funcionários em poucos meses. “Eu lembro que um dos investidores me chamou e disse: tudo mudou, nada será como antes”, conta Asseituno.

Com receio de que o aporte viesse a ser cancelado em meio à tensão no mercado nos primeiros meses da pandemia, Asseituno diz que passou a acompanhar diversas transmissões ao vivo dos investidores. “A gente começou a seguir esses investidores nas lives para ver o que eles iriam falar”, relembra.

Em uma dessas transmissões, os investidores que estavam envolvidos na rodada de série A teriam afirmado que iriam honrar os term sheets que haviam sido assinados meses antes. “Minha vontade era gravar aquilo”, brinca o empresário.

Em sua participação no Vida de Startup, Asseituno também comenta como a startup pode competir contra empresas consolidadas no setor de saúde e que já acumulam milhões de clientes em suas operações. “Num mercado de gigantes, tem muita gente desassistida, porque o pequeno não tem voz para o gigante”, diz.

Asseituno afirma que pequenos negócios ficam reféns de aumentos estipulados pelas grandes empresas de plano de saúde e não conseguem negociar valores menores. Isso abre uma oportunidade para que novos players ganhem mercado, principalmente com os PMEs.

Para o futuro, o fundador da Sami diz que a companhia pretende olhar mais para rentabilidade do que para o crescimento da operação que já fatura mais de R$ 100 milhões. “Estamos focados pouco em growth, em crescer três ou quatro vezes por ano, e mais em encontrar vias de crescimento sustentável”, diz.

Ele conta que essa política já foi adotada em 2023, quando a companhia cresceu 80%, mas passou a ajustar o unit economics. “Temos orçamento para cumprir esse plano até o breakeven, que provavelmente deve acontecer na metade do ano que vem”, afirma. “O crescimento será resultante disso.”