Com mais de 1,8 mil clientes, a BHub cresceu ao apostar em um negócio de backoffice-as-a-service. O negócio visa a fornecer serviços administrativos para terceiros. O trabalho envolve o processamento de obrigações contábeis e fiscais, entre outras demandas para PMEs.

Fundada em 2021, a companhia captou mais de R$ 160 milhões em menos de seis meses. Foram duas rodadas: uma de R$ 24 milhões e outra de R$ 140 milhões. “A gente captou com uma apresentação de PowerPoint”, afirma Jorge Vargas, fundador e CEO da BHub, ao Vida de Startup, do NeoFeed. “E que estava bem mais ou menos.”

Entre os investidores do negócio estão gestoras como Monashees, Picus Capital e QED Investors. Segundo Vargas, a captação de série A foi feita com um múltiplo de mais 200x a receita da companhia. “Era uma bolha”, diz.

O empresário explica que o capital recebido gerou crescimento desordenado no negócio, mas sem aumentar a estrutura da operação e repetir erros cometidos em seus empreendimentos antigos. “Mesmo depois que o dinheiro caiu, a gente permaneceu enxuto”, afirma. “Soubemos aproveitar sem perder a cabeça.”

Para Vargas, as empresas podem captar com múltiplos bem acima do mercado – desde que saibam administrar o capital. “Tem problema se você consumir o dinheiro e precisar fazer um downround”, afirma. “No nosso caso, a gente ainda tem mais de 60% do que recebeu.”

Para aprender a administrar uma empresa dessa forma, Vargas comentou no Vida de Startup sobre problemas enfrentados em suas duas outras empresas anteriores à BHub.

O principal desafio foi enfrentado em sua primeira startup, a Biva. O negócio, que tinha um modelo de peer-to-peer lending, chegou a captar uma rodada seed de valor não divulgado, mas não conseguiu escalar o negócio para a série A. “Os fundos desistiram de última hora”, diz Vargas. “Eu estava com 25 anos e uma dívida de mais de R$ 5 milhões.”

O fundador afirma que já havia usado parte do dinheiro que achava que iria captar para escalar o negócio. Com uma dívida acumulada, precisou reestruturar a empresa, transformar credores em sócios e encontrar novos investidores. Em 2017, a fintech foi vendida para a PagSeguro por R$ 46 milhões.

Após a Biva, Vargas decidiu empreender novamente e criou a Zen Finance. O negócio durou pouco menos de três anos antes de ser vendido para a Rappi. A companhia colombiana comprou o negócio como uma aposta para apoiar sua estratégia de entrada no mercado financeiro.

Vargas afirma que as experiências anteriores ajudaram a construir a BHub, que nasceu em meados de 2021 e logo em seguida captou agressivamente. Com crescimento de 400% ao ano, a companhia tem “condição de captar” mais recursos, segundo o fundador. Mas ainda não há previsão de quando isso vai acontecer.