A Livance, plataforma que conecta médicos e pacientes a espaços e serviços de saúde, estava prestes a levantar sua primeira rodada com um fundo de investimento em março de 2020. Porém, a pandemia do Covid-19 - e o circuit breaker causado por ela - tinham outros planos.

“Nós tínhamos três anos de vida e estávamos negociando com fundos pela primeira vez para fazer algo mais ambicioso e acelerar o nosso crescimento”, contou Claudio Mifano, CEO e cofundador da Livance, ao Vida de Startup, programa do NeoFeed.

“Eu lembro de estar no caminho do escritório desse fundo, no dia 11 de março, e ver, já no Uber, que a bolsa tinha batido o seu limite de baixa."

Naquele momento, a única coisa que passava pela cabeça do empreendedor e seus sócios, Gustavo Machado e Fábio Soccol, era “o que vamos fazer agora?”. Para ele, na melhor das hipóteses, a empresa simplesmente pararia de crescer, pois ela precisava e contava com aquele dinheiro para financiar seus próximos meses.

Porém, o que num primeiro momento pareceu o fim do mundo, se mostrou não ser um problema tão grande para a empresa com o passar dos meses. Ao lutar para manter o caixa saudável, a Livance conseguiu desenvolver soluções online rápidas para auxiliar os médicos que atendia.

“Nós temos dois modelos de receita, um fixo e outro variável. Com o isolamento social, o variável, que é definido de acordo com a presença dos médicos nos consultórios, zerou. Já o fixo, que independe do comparecimento dos médicos, foi o que nos manteve de pé”, afirma Mifano.

Por atuar no setor de saúde, o avanço da telemedicina e a menor necessidade de ter escritórios próprios fez com que o modelo de negócio da Livance crescesse. Assim, a rodada, que não tinha saído naquele momento, finalmente aconteceu.

Desde lá, a Livance já levantou mais e R$ 115 milhões com fundos como Astella Investimentos, Monashees, Terracotta Ventures, Cadonau Investimentos, Green Rock e Mago Capital.

Atualmente, a empresa conta com mais de 8 mil profissionais em sua plataforma e 18 unidades físicas. Apenas em 2024, a startup abriu quatro novos pontos.

Apesar de ter atingido bons resultados ao longo dos últimos anos, Mifano afirma que empreender no setor de saúde é um eterno desafio, já que o segmento ainda carece de muita modernização e tecnologia.

“Nos últimos anos, foram criadas mais de 500 healthtechs, mas se formos olhar quantas delas atingiram uma Série A ou B, são poucas dezenas”, diz o empreendedor. “É um setor muito difícil de penetrar, já que ele é muito mais conservador do que outros como o de fintechs”.