Com mais de 35 milhões de usuários ativos, o PicPay é hoje uma das principais fintechs do Brasil. Somente no ano passado, a receita da companhia aumentou 150% e somou R$ 2,9 bilhões.
Mas nem sempre a companhia conviveu com dados superlativos (e positivos). Em suas primeiras semanas de operação, a companhia tinha um número tão pequeno de usuários que os fundadores conseguiam até decorar os nomes e os rostos de cada um deles.
Esse exercício de memória foi o que possibilitou que Anderson Chamon, um dos fundadores da plataforma de serviços financeiros para pessoas físicas e empresas, conseguisse resolver alguns problemas iniciais da plataforma.
Chamon ficava quase que escondido em um restaurante que aceitava a plataforma como meio de pagamento. "Eu ficava olhando como as pessoas usavam o PicPay, quanto tempo demoravam e se tinham problemas”, diz o empreendedor. “Era um aprendizado.”
Com base na observação, Chamon conseguiu analisar melhor as fricções no uso do aplicativo e realizar mudanças que deixassem a experiência mais fluida. De acordo com ele, muitas pessoas até tentavam fazer os pagamentos com o aplicativo, mas não conseguiam.
Além de contar como solucionou os problemas da plataforma, Chamon também revelou ao Vida de Startup que passou por uma situação difícil na busca por investidores no negócio. “A gente esgotou as possibilidades de investimento”, afirma. “Estávamos quebrados.”
Quando finalmente conseguiu um investidor, o Banco Origianl, por pouco o contrato não foi assinado. O motivo é que nenhum dos sócios da empresa tinha qualquer dinheiro para fazer os pagamentos necessários para dar andamento na documentação em cartório.
“No dia que a gente foi assinar o contrato, na hora de pagar o reconhecimento de firma nenhum dos sócios tinha dinheiro”, relembra. Foi preciso pedir dinheiro emprestado para um amigo. “A gente fecharia uma semana depois sem o investimento.”
Além dos perrengues, Chamon também deu uma pista de qual direção a empresa vai seguir nos próximos anos. “Ao longo do tempo a gente percebeu que poderíamos entregar mais serviços bancários”, diz. “Agora estamos mirando uma fase de crescimento com rentabilidade.”
O breakeven veio no último trimestre do ano passado, quando a companhia anotou saldo positivo de R$ 20 milhões.