O investidor brasileiro está virando a chave no exterior. Entre janeiro e setembro de 2025, as compras de ativos offshore cresceram 41,7% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo levantamento da Smartbrain obtido com exclusividade pelo NeoFeed.

A plataforma de consolidação de carteiras que atende consultores, gestores e áreas de wealth de bancos e corretoras processa cerca de 600 mil extratos por dia e consolida R$ 310 bilhões em mais de 350 mil carteiras.

O levantamento dos investimentos internacionais considera dados de carteiras administradas de clientes de 93 casas — entre multi family offices, consultorias e assessorias de investimento.

Esse não é um movimento isolado. Conforme o NeoFeed vem mostrando, o brasileiro tradicionalmente destinava menos de 1% de seus investimentos para o exterior, em parte por conta de juros altos no país, regulação e falta de familiaridade com mercados estrangeiros.

A abertura de contas internacionais, a democratização de plataformas de investimento global e o acesso mais fácil a produtos como ETFs vêm quebrando essas barreiras. É o que os gestores vêm chamando de caminho sem volta.

O impulso em 2025 veio principalmente no primeiro semestre. O volume de compras cresceu 53,8% na comparação anual, com pico em fevereiro, quando foram registrados 4.309 pedidos de investimento no exterior.

“O brasileiro tem mostrado um interesse crescente por investimentos fora do País. À medida que vai conhecendo o mercado, aumenta o tíquete e a convicção nas alocações”, afirma Bruno Salles, diretor da Smartbrain.

Em 2024, o volume total de compras estava distribuído por 907 carteiras. Em 2025, até setembro, a mesma ordem de grandeza se concentrou em 572, sinalizando aportes médios maiores e decisões mais direcionadas.

Em valores, o total investido passou de R$ 3,24 bilhões para R$ 3,50 bilhões, alta próxima de 8%.

Na composição das carteiras, os fundos internacionais continuam liderando, com 47% das alocações, seguidos por ações (35,4%), ETFs (9,2%) e renda fixa (8,4%).

Mas há uma mudança clara em andamento. Em relação a 2024, as ações foram a classe que mais cresceu (+24%), seguidas pelos ETFs (+4,6%). Já os fundos tiveram retração de 22%, e a renda fixa, de 6,4%.

No conjunto, 2025 marca um novo estágio de maturidade do investidor brasileiro no exterior: menos dispersão, tíquetes maiores e uma rotação de preferência para ações e ETFs, enquanto os fundos ainda mantêm peso relevante e a renda fixa começa a ganhar tração em nichos específicos.