Se 2023 foi um ano ruim para o mercado de assessoria de investimentos, foi uma oportunidade para a Guide conquistar profissionais de outras plataformas, sua principal estratégia de expansão. Hoje, a plataforma tem aproximadamente 400 assessores e 100 escritórios em todo o País.

A corretora, que não divulga o seu total sob custódia e é controlada pelo grupo chinês Fosun desde 2018, tem apostado em crescer trazendo assessores que não se veem valorizados em outras operações para se tornarem um dos principais sócios de um dos seus escritórios, trazendo a sua carteira de clientes.

Em um ano que o mercado de assessoria sofreu com margens pequenas e até mesmo negativas, pular de um lado para o outro ficou mais tentador.

“O ROA das carteiras dos escritórios caiu muito com a competição com a renda fixa dos grandes bancos. E o assessor que tem uma participação societária irrelevante foi o que mais sofreu em termos de remuneração, porque depois de distribuir para a corretora, escritório, líderes de equipe, sobrou pouco para ele”, diz Alexandre Cassiani, head de B2B da Guide Investimentos.

Segundo a corretora, a rede de assessores cresceu cerca de 10% no ano passado. E muitos assessores vieram para a operação de outras plataformas, em busca de maior representatividade na nova operação. Alguns veem para montar novos escritórios, e outros para serem sócio de uma operação menor.

A Guide também conseguiu atrair escritórios inteiros para a sua plataforma, focando em operações que não atingiram R$ 500 milhões e querem alguém mais próximo para ajudar no seu desenvolvimento.

“Ainda temos conseguido tombar escritórios para cá. As operações maiores foram blindadas pelas grandes plataformas, mas percebemos que os escritórios menores não estão se sentindo valorizados e querem mais apoio”, afirma Cassiani.

A Guide tenta se fortalecer como a terceira via em um mercado dominado por XP e BTG, se focando em escritórios menores. Mesma estratégia do Safra Invest e da EQI.

Em 2024, a expectativa é de que o mercado volte a crescer, puxado pela queda na taxa de juros. O ano também terá a entrada em vigor da CVM 179, que foi postergada para novembro. A resolução exige que os assessores passem a reportar o ganho de comissão pela venda dos produtos. Para a Guide, essa mudança será positiva.

“A transparência vai separar o bom assessor do ruim, deixando claro a diferença para o cliente. Acreditamos que temos vantagem nessa abertura, porque fomos a primeira corretora a trabalhar com o fee based, que hoje já representa cerca de 10% da nossa custódia”, afirma Cassiani.

Na visão dele, o modelo de fee based ainda sofrerá do impacto psicológico do cliente que está pagando algo que era de graça, mas, com o tempo, ele entenderá o alinhamento de interesse.

“Com o tempo o cliente entenderá os custos da assessoria com a nova resolução, e muitos perceberão que há mais ganhos no fee based, que deverá conquistar um parcela maior do mercado com o tempo”, diz Cassiani.