A alta da taxa de juros manteve os investidores na defensiva como o Brasil. Mas, para a equipe de wealth management do UBS, o momento é de começar a aumentar o risco no mercado brasileiro.
Em relatório, o UBS vê espaço para um movimento positivo tanto na renda fixa como na renda variável nos próximos meses. Com sinais de desaceleração da economia, inflação em queda e expectativa de cortes de juros no Brasil e nos Estados Unidos, o banco ajustou sua alocação tática, elevando a avaliação sobre a bolsa local de “neutra” para “atrativa”.
A expectativa do UBS é de que a depreciação do dólar leve o Banco Central a iniciar os cortes de juros em janeiro de 2026, antes do consenso de mercado, de que a queda começará apenas em março de 2026. Para o banco, os próximos seis meses serão decisivos para os preços locais, com o mercado precificando quedas de juros.
Além do afrouxamento monetário, o UBS considera que os elevados retornos sobre capital (ROE, na sigla em inglês) e os valuations atrativos das empresas brasileiras podem ajudar a impulsionar os preços das ações.
“Apesar dos desafios fiscais e políticos persistentes, o ponto de partida descontado do mercado, o potencial para mudanças na política econômica e a possibilidade de melhora no sentimento sustentam uma visão construtiva”, afirma o o time de wealth do UBS.
No ano, o Ibovespa acumula cerca de 20% de alta, mas segundo os analistas ainda está sendo negociado 17% abaixo da média histórica dos últimos dez anos, a 8,3 vezes lucro. Já o ROE está em 16,6%, bem acima da média dos mercados emergentes, de 13,2%.
“Essa combinação de baixa avaliação e forte lucratividade sugere potencial para uma nova expansão dos múltiplos à medida que o sentimento melhora.”
Com a visão de que os fundamentos corporativos permanecem sólidos no país, dada a demanda doméstica e baixo desemprego, o mercado vê espaço para uma recuperação dos lucros em 2026. O consenso para o lucro das empresas do MSCI Brasil é entre um dígito alto e dois dígitos baixos.
Renda fixa
O UBS também espera uma dinâmica positiva na frente de renda fixa, com valorização dos títulos prefixados nos próximos meses – motivo pelo qual os analistas revisaram a visão para o ativo de “não atrativa” para “neutra”.
“Com um Banco Central do Brasil adotando uma postura hawkish diante de uma inflação e expectativas inflacionárias mais baixas, os títulos nominais têm apresentado bom desempenho e, na nossa visão, ainda possuem uma valuation atrativo”, diz o UBS.
Apesar da maior atratividade dos títulos prefixados, o UBS considera os títulos atrelados à inflação ainda mais interessantes nesse cenário. Isso porque além de estarem pagando taxas reais elevadas, próximas de 7,5% ao ano por 10 anos, ele ainda protege contra a inflação.
O UBS aponta que a classe tem ficado para trás no rali em relação aos demais ativos nacionais devido ao aumento na emissão de títulos do Tesouro e devido à concorrência com o crédito privado isento.
Por outro lado, os analistas veem os títulos indexados ao CDI perdendo a atratividade, conforme o Banco Central inicia o corte de juros. “Eles podem ter uma pior performance em um cenário de aumento de risco. Por isso, estamos movendo esses títulos de “atrativo” para “não atrativo”, para aumentar espaço para outras classes de ativos.
Apesar da visão mais otimista para o mercado brasileiro, o UBS alerta para o risco eleitoral, com o presidente Luz Inácio Lula da Silva ganhando popularidade a 12 meses do pleito presidencial.
“Dada a atual disputa apertada nas pesquisas para a eleição presidencial, uma corrida muito acirrada parece provável, com o resultado sendo definido apenas no final do processo.”