A indústria de fundos fechados de previdência cresceu 6,28% no primeiro semestre de 2023 e alcançou R$ 1,2 trilhão em ativos, segundo levantamento feito pela Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp).

Ainda segundo o levantamento, a carteira consolidada do sistema acumulou rentabilidade de 6,02% este ano até junho, acima da TJP, rendimento mínimo para cumprimento das metas atuariais, que fechou a 4,99% no período. E, no semestre, a alocação renda fixa teve retorno de 6,56% no período, em enquanto a renda variável avançou apenas de 2,78%.

No entanto, houve um ligeiro movimento de redução da alocação em renda fixa desde abril, que caiu de um total de 80,2%, um recordo histórico, para 79,2% em junho - com redução de alocação em títulos públicos e em fundos de renda fixa, que ficou em 19,5% e 58,6% respectivamente. Mas esse percentual ainda é maior do que o registrado em dezembro de 2022, quando 78,2% dos recursos estavam nessa classe de ativos.

O maior aumento de alocação foi na classe de investimentos estruturados, que subiu para 1,5% ante 0,9% em abril. E imóveis, que subiu de 2,9% em abril para 3,1%. A alocação em renda variável subiu apenas 0,1 ponto percentual desde abril, para 12,2%, e o investimento no exterior permaneceu com 0,7%.

“Esperamos que com a queda na taxa de juros a alocação em renda variável aumente. Nos parece um caminho natural, apesar de gradual”, diz Jarbas Antônio de Biagi, presidente da Abrapp, em coletiva à imprensa.

O resultado ajudou na redução do déficit líquido do sistema, que caiu 69% no período, para R$ 17,3 bilhões, em comparação com os R$ 55,6 bilhões registrados em junho de 2022.

Jarbas Antônio de Biagi presidente abrapp
Jarbas Antônio de Biagi, presidente da Abrapp

“A redução do déficit pode ser atribuída aos sólidos resultados dos investimentos nos últimos anos, impulsionados pelo desempenho positivo do Ibovespa neste ano, bem como à solução dos déficits em alguns planos. Mas ainda não temos perspectiva de zerar o déficit no consolidado do sistema neste ano”, afirma Biagi.

Para a rentabilidade do segundo semestre, a Abrapp anunciou que possui três cenários. No cenário mais otimista (com o Ibovespa acima dos 130 mil pontos), a carteira consolidada deve encerrar o ano com valorização de 13,11%. Para a renda fixa, o sistema de fundos de pensão prevê valorização média de 12,93%. Na renda variável, a projeção é de alta de 15,84%. Nos demais segmentos, o ano de 2023 deve terminar com rentabilidade média de 11,62%.

No cenário mais moderado, com o Ibovespa encerrando com 121 mil pontos, a expectativa é alcançar uma rentabilidade de 11,84% para a carteira consolidada; com alta de 5,77% para a renda variável. Já no mais pessimista, com o Ibovespa em 98 mil pontos, essa classe de ativo encerra com resultado negativo de -14,38%, e a rentabilidade da carteira consolidada ficaria em 9,31%.

O presidente da Abrapp também anunciou que encaminhou recentemente uma proposta para o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, em relação às debêntures de infraestrutura. Segundo ele, é compreensível que o governo queira que as entidades invistam mais na economia real, mas, devido às atuais condições de mercado e o dever fiduciário com os participantes, são necessárias mais vantagens e garantias para a alocação nesses papéis e não em títulos públicos.

A associação informou que o total de benefícios pagos nos últimos 12 meses, até março de 2023, foi de R$ 86,7 bilhões. O consolidado mostra ainda que o setor possui 2,94 milhões de participantes ativos e 881 mil assistidos (aposentados e pensionistas), totalizando 3,82 milhões de participantes, entre ativos e assistidos.