O mercado de previdência complementar é bastante conhecido pelas entidades fechadas que administram bilhões de uma única empresa, como é o caso da Previ, do Banco do Brasil; da Petros, da Petrobras; e da Funcef, da Caixa. Mas pouco se fala sobre a participação das entidades que administram a aposentadoria dos funcionários de várias empresas. E nesse segmento específico que a Vivest tem se destacado.
Com pouco mais de R$ 35 bilhões sob gestão de 13 empresas patrocinadoras, a maior entidade fechada de previdência complementar de capital privado do país está de olho na consolidação do setor, como fundo de pensão multipatrocinado. Como qualquer gestor de recursos, quanto maior a escala, maior é o acesso a produtos e estratégias diferenciadas e menor é o custo de geri-lo.
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Neste momento, a Vivest tem como alvo os fundos de previdência de empresas privadas que possuem entre R$ 300 milhões e R$ 3 bilhões sob gestão. Com essas características, eles não teriam tamanho para serem competitivos no longo prazo.
“Estamos participando de várias concorrências e liderando o processo de consolidação do segmento privado, que está apenas começando”, diz Walter Mendes, presidente da Vivest, em entrevista exclusiva ao NeoFeed.
A entidade enxerga a possibilidade de atrair para dentro de casa um pedaço desse mercado de planos pequenos, de cerca de R$ 40 bilhões. Esse montante está distribuído em cerca de 90 instituições que detêm planos de previdência ainda jovens e em fase de acumulação.
Nos últimos dois anos, a entidade incorporou cerca de R$ 2 bilhões com a entrada dos fundos de pensão da Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp); Grupo Ford e mais recentemente, em julho desde ano, do Grupo Roche.
Para Mendes, a conquista de marcas internacionais ajuda a Vivest a sair na frente nesse processo de consolidação. Segundo ele, Roche e Ford, por exemplo, utilizam o mesmo rigor de escolha da previdência complementar dos funcionários da matriz quando estão em um outro país.
“É caro e difícil fazer a gestão dos recursos e temos uma posição de vantagem por termos quase 55 anos de história como multipatrocinada, algo que nos dá experiência para lidar com culturas diferentes”, diz Mendes.
De olho na consolidação
A decisão estratégica da Vivest (ex-Funcesp, fundo de pensão dos funcionários da CESP) de consolidar o segmento privado ocorreu em 2019. Dois eventos mostram para a entidade a oportunidade no mercado: as maiores exigências regulatórias, que aumentam os custos, e pela cada vez mais complexa gestão de investimentos demandada, uma vez que já não se garante que as taxas de juros reais serão sempre suficientes para bater as metas atuariais - valor mínimo esperado para a rentabilidade de um investimento em fundo de previdência para honrar com suas obrigações.
Ao liderar a consolidação, a Vivest consegue manter seus custos sob controle. A taxa de administração da fundação, por exemplo, é de 0,2% ao ano.
“O nosso baixo custo é um diferencial que podemos dar tanto pelo nosso tamanho como porque, como fundação, não visamos o lucro como as gestoras de PGBL e VGBL. Quando falamos em investimentos de longo prazo, isso é decisivo”, afirma Mendes.
A outra frente de crescimento da fundação, ainda embrionária, mas com grande potencial, é o plano família, que possibilita a entrada de parentes até o quarto grau de parentesco (vertical ou horizontal, valendo desde cônjuges, netos e sobrinhos a cunhados). Quanto mais patrocinadas entram na fundação, maior é o público que ele pode alcançar.
O time de investimentos é o mesmo, o custo é fixo em 0,2% ao ano e é possível resgatar os recursos a cada três anos. Por não possuir a contrapartida de uma patrocinadora, a competição está com os planos abertos de previdência. o Familinvest acumula alta de 9,8% no ano até setembro.
“Temos apenas R$ 50 milhões e hoje vemos esse plano mais como um benefício para os nossos participantes”, diz o presidente da Vivest. “Temos rentabilidade para concorrer no mercado aberto, mas não temos expertise em marketing e em distribuição. E nem queremos, porque nos traria custos que deveriam ser repassados para o plano.”