A Vivest vai assumir a gestão de R$ 4 bilhões do plano de previdência da Volkswagen, que detém cerca de 18 mil participantes. Esse foi o maior movimento de transferência de gestão já realizado entre entidades fechadas no Brasil.

Com a incorporação, a maior Entidade Fechada de Previdência Complementar (EFPC) de capital privado do País passa a ter cerca de R$ 45 bilhões sob gestão e a administrar 25 planos de previdência de 16 patrocinadoras. A migração operacional do novo plano está prevista para meados de 2026.

A transferência da Volkswagen traz planos mais jovens, com mais participantes em idade ativa, o que “oxigena” o conjunto de perfis da entidade, hoje mais concentrado em aposentados em parte das patrocinadoras fundadoras.

Do lado econômico, o ganho de escala reforça ganhos de eficiência: a Vivest opera com taxas de administração mais baixas, apoiadas também pelo compartilhamento de estruturas com a área de saúde, e dilui custos fixos em um arcabouço técnico já estabelecido (jurídico, atuária, seguridade, atendimento).

A incorporação de fundações e planos de previdência faz parte de uma agenda de expansão e diversificação iniciada em 2019 pela entidade, que vem combinando ganho de escala e padronização de processos com atendimento mais customizado por patrocinador.

Desde então, já foram incorporados os planos de previdência da montadora Ford, da farmacêutica Roche, da Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp), e está em transferência gestão do plano da Alpargatas, o que será efetivado em 2026.

Segundo Walter Mendes, presidente da Vivest, cada nova transferência vem acompanhada de processos rigorosos de due diligence e traz aprendizados que tem levado a ajustes internos relevantes, como a reorganização da área de seguridade em “células” dedicadas por cliente, reduzindo atritos operacionais ao centralizar o atendimento de ponta a ponta e adequar o serviço às especificidades de cada patrocinador.

Com isso, ao longo desses anos, a entidade deu um salto em seu maior calcanhar de Aquiles para competir com a previdência a aberta dos planos dos bancos: a área comercial.

“Nós nunca tivemos que vender o nosso produto, porque ele era da casa. Mas a medida em que fomos incorporando novos planos e tínhamos que atender as necessidades deles e vimos o potencial de crescer nos planos instituídos, os planos famílias, fomos aprimorando nossa área comercial e agora, finalmente aprendemos a fazer”, diz Mendes.

A área hoje opera com rotinas de pós-venda e comitês gestores por plano, com quatro representantes (empresa, participantes ativos e aposentados) deliberando temas como regulamentos e alocação dentro das políticas de investimento, com apoio técnico das áreas atuarial e de investimentos. A governança permite escalar sem inflar conselhos, mantendo a autonomia dos planos e a padronização de processos.

A entidade também profissionalizou frentes que antes eram incipientes. O Plano Família, por exemplo, já soma cerca de R$ 250 milhões e passou a ser ofertado ativamente a familiares de participantes (filhos, netos, pais), enquanto a portabilidade tornou-se um vetor crescente de captação — seja de PGBLs abertos que migram para o ambiente fechado, seja de reservas formadas em outras instituições. Essas iniciativas, somadas ao pipeline de novas transferências, dão a entidade um mercado bilionário de oportunidades.

O alvo de incorporação da Vivest são planos de pelo menos R$ 400 milhões sob gestão, mas que também não sejam tão grandes para terem incentivos para serem incorporados, tendo como alvo até R$ 3 bilhões, em média. Segundo dados da Abrapp, são mais de 100 entidades hoje com esse perfil, em um universo de 225.

“Estamos com outras conversas em andamento e prospectando. Esse setor é muito fragmentado e o mercado exige cada vez mais sofisticação e demandas regulatórias que fazem sentido com a consolidação e ganho de escala”, afirma Mendes.