O TikTok incluiu uma nova opção dentro da sua ferramenta de gestão de anúncios que fará as suas "dancinhas" não só gerarem mais receita como também acirrará a disputa com o Google.
A rede social de vídeos curtos trouxe para o Brasil o Search Ads Toggle, uma funcionalidade que vai permitir que as marcas veiculem anúncios nas páginas de buscas da plataforma. Atualmente, essa funcionalidade estava disponível nos Estados Unidos e em fase de testes em outros mercados.
“Hoje, existe um processo de community commerce, que é como um enorme ‘boca-a-boca digital’”, diz Daniela Okuma, diretora geral de negócios do TikTok no Brasil. “As pessoas usam o aplicativo para recomendar produtos ou fazer resenhas dos que já possuem e, assim, influenciam a comunidade.”
Com 1 bilhão de usuários globais, o TikTok entra na disputa pelo grande filão financeiro das buscas patrocinadas. No resultado da Alphabet do terceiro trimestre deste ano, por exemplo, a receita total da companhia foi de US$ 76,7 bilhões. O Google Ads sozinho contribuiu com US$ 59,6 bilhões.
Mas a Bytedance, dona do TikTok, não está tão distante das suas concorrentes. Recentemente, o site The Information mostrou que as receitas da companhia chinesa se aproximam da Meta Platforms, proprietária do Facebook e do Instagram, à medida que gera mais vendas de publicidade.
De acordo com o The Information, a receita da ByteDance aumentou mais de 40%, para US$ 29 bilhões, no segundo trimestre em relação ao ano anterior. É uma taxa de crescimento mais elevada que a da Meta, que aumentou 11%, para US$ 32 bilhões, no mesmo período.
Agora, chegou a vez de o TikTok turbinar sua receita com a busca patrocinada de olho nas empresas de diferentes segmentos que passaram a usar a plataforma como ferramenta de divulgação de produtos.
Estudo publicado pelo Marketing Science mostrou que o TikTok tem o poder de aumentar em até 2,9 vezes as visitas às lojas físicas das marcas anunciantes. Outra pesquisa, realizada pelo Ipsos, mostrou ao TikTok que três em cada quatro usuários da rede social compraram um produto depois de vê-lo na plataforma.
“Essa descoberta destaca a influência significativa da plataforma na jornada do consumidor”, afirma Okuma. “Em média, leva apenas 22 dias para que um espectador de anúncios no TikTok faça uma visita a uma loja física da marca correlata.”
Quando o Search Ads Toggle está ativado, os anúncios já existentes de vídeo são exibidos junto aos resultados de pesquisa orgânica dos usuários e são identificados como patrocinados. Desse modo, a nova ferramenta vai permitir que marcas expandam o alcance de suas campanhas e se conectem diretamente com consumidores que estão buscando ativamente informações relacionadas com seus negócios e produtos
Okuma enumera o que ela considera algumas diferenças em relação à concorrência da busca patrocinada do TikTok: a personalização, com um algoritmo que “entende” o interesse dos usuários e entrega resultados que são relevantes para seus interesses, e as tendências no aplicativo, que mostram os vídeos mais populares do momento, o que pode ser útil para usuários que estão procurando por conteúdo novo e relevante.
A chegada do TikTok ao universo das buscas patrocinadas era um temor do próprio Google. No ano passado, Prabhakar Raghavan, vice-presidente sênior do Google, admitiu que a rede social chinesa e o Instagram eram as maiores ameaças à companhia.
“Continuamos aprendendo, repetidamente, que os novos usuários da internet não têm as expectativas e a mentalidade com a qual nos acostumamos”, disse Raghavan, acrescentando que os jovens, público preferencial do TikTok, procuram por pessoas, lugares e produtos nas redes sociais em vez de recorrer ao Google.
Esse não é o único movimento do TikTok para ganhar mercado. No fim do ano passado, a empresa preparava a chegada do seu e-commerce ao Brasil, conforme relatado pelo NeoFeed.
A estratégia era apostar em live commerces com parceiros locais e com fornecedores da China. O investimento era em formatos de compras ao vivo que não estão vinculados a influenciadores digitais.
Embora sejam bastante populares na Ásia, as live commerces começaram a ganhar tração e relevância em países ocidentais há menos de dois anos.
Em artigo recentemente publicado no NeoFeed, o publicitário Nizan Guanaes reconhecia a força da rede social para impulsionar uma marca. Em três dias, uma campanha do iFood chegou a mais de 100 milhões de visualizações no TikTok.
“São duas coisas para as quais alguns torcem o nariz: o jingle (“não tem ideia”, kkk!) e o TikTok (“não é criativo”, kkk!)”, escreveu Guanaes. “Nessas 105 milhões de visualizações hoje estão 1.500 conteúdos criados pelos próprios consumidores traduzindo a realidade do iFood na vida deles”.
O "jingle chiclete" do iFood é um exemplo de uma campanha bem-sucedida que usou o TikTok Ads Manager. O que a rede social quer agora é que as marcas criem campanhas criativas e envolventes usando a opção da sua busca patrocinada.