Um novo capítulo na disputa entre Eduardo L'Hotellier, fundador do GetNinjas, e as gestoras Reag Investimentos e ARC Capital terminou na terça-feira, 21 de novembro. A eleição dos novos conselheiros do aplicativo de serviços mostrou que o conflito entre os sócios está longe do fim.
Com capital pulverizado, mas com a maioria das ações votantes nas mãos de Reag e ARC (detém juntas 55,6%), a expectativa era que L'Hotellier teria dificuldade de emplacar duas cadeiras na nova configuração do board.
Mas, no resultado final, o fundador do GetNinjas foi reeleito e conseguiu reassegurar a vaga de Claudio Hermolin, da eXp Brasil. Os novos integrantes são João Carlos Mansur, CEO da Reag, Luis Camisasca, managing director da Alvarez & Marsal, e Demian Pons, sócio da ARC Capital.
Conforme adiantou o NeoFeed após a Reag ter saído vitoriosa da assembleia geral extraordinária (AGE) que não permitiu a distribuição do caixa do GetNinjas, o conselho de administração da empresa seria reduzido de sete para cinco membros.
Desde a última AGE, a projeção era a de que a Reag garantiria três assentos (registrou cinco nomes), com ARC e L'Hotellier (registrou três nomes) complementando o conselho de administração.
No mapa final de votação, quem acabou decidindo foram os acionistas minoritários. Ao todo, 88,7% do capital votante esteve presente. Dos acionistas minoritários, 90% registraram voto - um alto índice de participação para uma assembleia de governança corporativa.
Embora não tenha peso ou valor final, L'Hotellier e Hermolin foram os mais votados, com 4,43 milhões e 4,20 milhões de indicações, ante 67 mil de Mansur e de Camisasca. Essa foi a escolha apenas dos minoritários, sem contar os votos dos três pesos-pesados que decidiram as escolhas. Com isso, o indicado do fundador do GetNinjas teria a cadeira de presidente não fosse a mudança de voto da ARC na manhã de terça, 21. E Mansur ficou com o comando do board.
Com o conselho dividido em número igual de votos entre L'Hotellier e Reag, a ARC passou a ter um peso estratégico em todas as decisões. A primeira deve ocorrer nos próximos dias: a troca de CEO.
Mansur já deixou claro seu desejo de substituir a gestão da companhia, algo que ele já deve colocar em pauta na primeira reunião do conselho sob seu comando na próxima semana (após os conselheiros tomarem posse, a reunião acontecerá em cinco dias).
Como atual CEO, L'Hotellier deve contar com apoio do seu indicado Hermolin, enquanto Camisasca deve seguir a indicação de Mansur. O voto de minerva nessa disputa será de Pons, da ARC. Nas últimas votações as duas gestoras sempre votaram juntas.
Histórico da disputa
Nos últimos meses, L'Hotellier vem travando uma batalha com essas gestoras. Além de CEO, o fundador do GetNinjas acumula a posição de diretor de relações com investidores da companhia e vinha questionando na Comissão de Valores Mobiliários a movimentação conjunta na compra de ações feita por Reag e ARC.
Caso esse movimento fosse comprovado, as gestoras disparariam a poison pill de 25% do capital para a realização de uma oferta pública de aquisição (OPA).
A ARC, gestora controlada por Sergio Firmeza Machado, ex-Credit Suisse, vem respondendo que o GetNinjas era uma oportunidade por estar valendo menos na bolsa do que tinha em caixa.
É esperado para os próximos dias a publicação do edital da OPA pela Reag, que detém pouco mais de 25% do capital social. A gestora já indicou que vai trabalhar com um valor de R$ 4,52 por ação, referente à média dos 30 pregões anteriores ao 11 de outubro, quando atingiu a poison pill.
Sobre esse valor é preciso colocar o CDI do período, o que deve fazer a OPA sair entre R$ 4,60 e R$ 4,65 por ação. O papel encerrou o pregão de 21 de novembro a R$ 4,52, valorização de 0,44% sobre o fechamento anterior. No ano, a ação sobe 62,8%.
Mas, se for considerada a distribuição do caixa da companhia, cada ação terá direito a mais 70 centavos. Há quem defenda que o ativo vale mais do que o mínimo oferecido na OPA.
Procurados, tanto L'Hotellier como o GetNinjas não quiseram se manifestar, assim como as gestoras Reag e ARC.