Se meses atrás Biden puxou o freio de mão nos planos da Ford e da GM para carros elétricos. Agora, o presidente americano está dando um empurrão, em um mais um capítulo da guerra comercial entre EUA e China.
O novo plano de Biden é frear apenas as empresas chinesas do setor. De acordo com o The Wall Street Journal, há uma movimentação na Casa Branca para que o governo atual faça mudanças na política fiscal em relação às importações chinesas no setor automotivo. A ideia é adotar medidas mais rigorosas como forma de proteger as companhias americanas.
Os produtos chineses movimentam cerca de US$ 300 bilhões nos Estados Unidos e atualmente as regras utilizadas no país são as mesmas do governo de Donald Trump. Os veículos elétricos estão sujeitos a tarifação na alíquota de 25%. Esse percentual pode aumentar mais 2,5 p.p. para 27,5%.
Além dos carros, a discussão de aumento de impostos deve impactar também outros produtos. Em especial: artefatos solares e as baterias elétricas. Em contrapartida, alguns produtos que as autoridades americanas não consideram estratégicos podem ter redução tarifária.
Uma medida protecionista deste tipo é vista como um trunfo da Casa Branca para tentar a reeleição de Biden em 2024. O atual presidente aguarda o partido republicano decidir quem será seu oponente nas urnas. Mesmo com quatro indiciamentos, Trump é o favorito para a disputa.
A administração de Biden começou a discutir as mudanças tributárias com mais afinco recentemente. Nos últimos meses, o mercado vem sendo inundado com produtos chineses voltados para a geração ou para o consumo de energia limpa. Autoridades americanas temem que as companhias locais não irão conseguir competir com os preços mais baixos ofertados pelas rivais chinesas.
“A China está determinada a dominar o mercado de veículos eléctricos através da utilização de práticas comerciais injustas, mas não vou permitir. Eu prometo a você”, disse Biden, em novembro, para membros do sindicato United Auto Workers.
Essa não é a primeira vez que Biden atua contra as empresas chinesas de energia limpa. Sua administração foi responsável pela Lei de Redução da Inflação, que oferece incentivos às empresas que fabricam produtos sem insumos de fabricantes chineses.
Na China já há preocupação de que as medidas americanas entrem em vigor. “O impulso estabilizador nas relações EUA-China não deve ser perturbado pela política interna”, disse Xie Feng, embaixador da China nos EUA, num recente evento do Conselho Empresarial EUA-China. “Os EUA costumavam pedir que o mercado decidisse. Por que deveria reverter o curso agora?”
As medidas podem ajudar fabricantes como GM e Ford a engatarem uma nova marcha em seus negócios de carros elétricos. A Ford reduziu a previsão de investimentos na fábrica em Michigan, enquanto a GM perdeu o "motorista" de sua iniciativa elétrica.