No próximo 18 de julho, o bilionário inglês Richard Branson completa 74 anos. Talvez alguns só associem seu nome à disputa pela liderança da nova corrida espacial, em um páreo do qual fazem parte também Elon Musk (Space X) e Jeff Bezzos (Amazon). Mas Branson é muito mais do que sua obsessão pela vida além da órbita da Terra.

Sujeito inquieto, entre os anos de 1970 e 1980, já havia fundado uma série de negócios, quando a Virgin Records o tornou conhecido. Desde então, a gravadora se transformou em um conglomerado de alcance global, presente hoje em 30 países e com cerca de 400 empresas. É com uma delas, a Virgin Orbit, aliás, que ele sonha em fazer voos regulares para o espaço.

Visto por muitos analistas como um dos homens de negócios mais geniais de todos os tempos, Branson criou as próprias regras para o sucesso. O Virgin Group não tem sede central, hierarquia de comando e pouca burocracia nas tomadas de decisão.

É o que mostra a edição ampliada de sua autobiografia Perdendo minha virgindade: como eu sobrevivi, me diverti e fiquei rico fazendo negócios do meu jeito. O livro chega às livrarias no fim de janeiro, pela Editora Belas Letras.

O título é um trocadilho com o nome do grupo. Ao abrir a primeira empresa com amigos empresários Simon Draper, Nik Powel e o músico Tom Newman, todos pensaram: “Já que somos totalmente virgens neste mundo, vai ser esse o nome: Virgin".

Branson é um homem de desafios. E se diverte com eles, ao que parece. Em 628 páginas, a obra mostra como ele começou do nada, venceu sem moderar sua “abordagem iconoclasta e livre” e chegou a uma fortuna de quase US$ 3 bilhões, confiando em seus instintos.

25 anos de rabiscos

Ao contrário de muitos de seus pares, em nenhum momento Branson parece preocupado em criar uma imagem de super-homem ou supergênio. Ao contrário, fala abertamente sobre sua dislexia, por exemplo. O estilo apressado e irônico tem um pouco do jornalista Edward Whitley, que ajudou o empresário na autobiografia.

Foram dois anos de convivência para a produção do livro: “Praticamente morou na minha casa, desbravou 25 anos de cadernos cheios de rabiscos e ajudou a dar vida a eles”, agradece Branson.

O bilionário costuma se identificar como “magnata empresarial britânico, astronauta comercial e ex-presidiário [por contrabando de discos]”. Em tom coloquial, suas ideias podem ser resumidas em três clichês do mundo dos negócios ou dos manuais de autoajuda: “Seja você mesmo, conheça-se e confie em si mesmo”.

Seu lado empreendedor chamou atenção aos 16 anos, quando fundou a revista musical Student. Quatro anos depois, abriu uma empresa de venda de discos por correspondência, que o colocou na mira da Receita Federal, ao forjar descontos para exportação, que nunca fez. Em 1972, ele inaugurou uma rede física de lojas de vinil e fitas cassete, a Virgin Records, mais tarde conhecida como Virgin Megastores.

A marca cresceu rapidamente durante a década de 1980, quando Branson criou a companhia aérea Virgin Atlantic e expandiu o selo musical Virgin Records. Ele assinou contratos com bandas polêmicas, como o grupo punk Sex Pistols, rejeitado por seus concorrentes.

Contratou também nomes de peso como Rolling Stones, apostou em Peter Gabriel, XTC, UB40, Steve Winwood e Paula Abdul. E, assim, a Virgin se tornou a maior gravadora independente do mundo.

Da música para o espaço

O dinheiro da música levou Branson a negócios nas áreas de telecomunicações e ferrovias. Em 1992, para manter sua companhia aérea funcionando, ele vendeu a marca Virgin Records para a EMI, por £ 500 milhões. O empresário começava a voltar seu foco para o segmento de transporte de passageiros. Em viagens terrestres, aéreas, marítimas e espaciais.

Pelos serviços prestados ao empreendedorismo, em 2000, o bilionário foi nomeado Cavaleiro pela rainha Elizabeth II e recebeu o título de “Sir”. O reconhecimento tem a ver com seu sucesso no mundo dos negócios, mas também considerou seu trabalho de impacto socioambiental.

Em 2006, Branson prometeu investir US$ 3 bilhões, ao longo de uma década, em ações de combate ao aquecimento global. Ele é cofundador da B-Team, uma organização global sem fins lucrativos, lançada em 2013, por um grupo de líderes empresariais comprometidos em usar sua influência para impulsionar mudanças positivas e promover práticas de negócios sustentáveis.

Em dezembro de 2020, a Virgin Orbit lançou a The Patti Grace Smith Fellowship, projetada para oferecer experiência de trabalho remunerado e orientação na indústria aeroespacial para “estudantes negros extraordinários”.

Os negócios de Branson só cresceram no século XXI. E sua fortuna também, sem que ele fizesse parte dos bilionários nascidos da Internet. Aliás, parecia estar à frente deles, com seus projetos espaciais. O inglês fala em viagens espaciais há pelo menos três décadas. Em 2007, Branson apareceu na lista das 100 pessoas mais influentes do mundo da revista Time.

Muita gente, na idade dele, depois de tantos caminhos desbravados e conquistados, pensaria em parar. Branson, não. Em 11 de julho de 2021, ele se tornou a terceira pessoa mais velha do mundo a viajar para o espaço. A bordo do foguete Virgin Galactic Unity 22, participou do voo de teste sub-orbital de sua empresa. A experiência durou uma hora e atingiu uma altitude máxima de 86,1 quilômetros.

Em 13 de agosto de 2023, ele deu mais um passo importante rumo à conquista do espaço. Depois de anos de promessa, a Virgin Galactic finalmente levou três turistas para uma viagem de uma hora, a cerca de 80 quilômetros da Terras.

Com o sucesso da expedição, Branson aposta, o serviço regular terá início em breve. O empresário, no entanto, quer ir além. E não importa se viverá para experimentar. O que vale é se aventurar, fazer história. Um universo agitado, de busca sem limites pelo inexplorado, ao qual os leitores têm acesso em  Perdendo minha virgindade.

Capa do livro "Perdendo minha virgindade"

Serviço:
Perdendo minha virgindade
Como eu sobrevivi, me diverti e fiquei rico fazendo negócios do meu jeito

Richard Branson

Editora Belas Letras

628 páginas

Impresso: R$ 129

Digital: R$ 77,90