Não são poucos os pilares que sustentam a EREA. Criado em 2018, o grupo se divide em duas empresas que atuam na estruturação e na gestão de projetos de real estate em logística. E, com esse modelo, em junho de 2023, atraiu a Tarpon Niche, braço de investimentos em negócios de nicho da gestora Tarpon.
Agora, a companhia está adicionando mais uma camada a esse ecossistema. A empresa anuncia nesta segunda-feira, 22 de janeiro, a compra de uma fatia de 80% da Click Galpões, plataforma centrada em galpões urbanos, em informação antecipada com exclusividade ao NeoFeed.
Com a transação, cujos valores não foram revelados, a EREA abre espaço para uma terceira empresa e uma pegada mais digital em seu portfólio logístico. A partir da aquisição, o plano é avançar rumo a um mercado que, até aqui, não era coberto por sua já extensa malha de operações imobiliárias no setor.
“Nós precisávamos de uma plataforma digital com foco específico na última milha”, diz Clarisse Etcheverry, fundadora e CEO da EREA, ao NeoFeed. “A Click Galpões é uma espécie de QuintoAndar dos galpões urbanos e era a peça que faltava para criarmos um one stop shop de serviços em logística.”
A busca para completar esse quebra-cabeça tem origem na explosão do e-commerce a partir da Covid-19. Para agilizar as entregas, um dos reflexos foi aproximar os estoques dos consumidores, o que alimentou a procura por galpões e espaços nos centros urbanos.
A Click Galpões carrega alguns elementos que, na visão da EREA, criam um atalho para que o grupo acelere sua entrada nesse novo segmento. Os pontos de partida são a aposta no conceito de marketplace e a semelhança com o modelo do QuintoAndar. Aplicado, porém, na área de logística.
“Os clientes da EREA eram do segmento premium, com grandes inquilinos, operadores logísticos, donos de imóveis triple-A”, diz Vasco Oliveira, fundador da Tarpon Niche. “O grupo não alcançava o mercado de pequenos galpões na última milha, que é muito pulverizado.”
Fundada em 2010, a Click Galpões contabiliza, em média, 22 mil consultas mensais. A base envolve cerca de dois mil imóveis, especialmente na Grande São Paulo, e é formada por pequenos galpões em um raio de 15 quilômetros das principais cidades da região e em outras localidades do País.
A empresa gera receitas a partir de uma taxa cobrada dos usuários da plataforma nas transações de compra, venda, locação e administração dos imóveis. Esse portfólio inclui ainda a oferta de seguros em todas essas pontas.
Ao incorporar essa operação, um dos primeiros movimentos da EREA passa pela expansão da base de imóveis disponíveis na plataforma, com inclusão de mais dois mil ativos que foram prospectados durante a fase de due diligence.
Além de seguir expandindo essa base, o grupo reservará espaço para novidades no portfólio. “Até o fim do ano, nosso plano é adicionar serviços financeiros”, conta Etcheverry. “E também um serviço de gestão de obras e reformas.”
Terceira empresa no guarda-chuva do grupo, a Click Galpões manterá sua marca e seguirá como uma operação independente, sob o comando do sócio-fundador Alex Maciel. Ele passará a dividir essa responsabilidade, porém, com Jéssica Mesquita, que integra o time da EREA desde a sua fundação.
Essa autonomia é adotada nas demais empresas da EREA. A primeira é a EREA Consultoria, que tem como principais linhas a assessoria na locação, na compra e na venda de ativos de logística. Desde 2018, o grupo soma mais de R$ 1 bilhão em vendas e mais de 5 milhões de metros quadrados desenvolvidos.
Já a EREA PDS é uma companhia de engenharia e desenvolvimento imobiliário, que cuida da gestão das obras e projetos. Com essas duas verticais, o grupo tem uma carteira de 300 clientes – que inclui grandes players do e-commerce, do varejo e operadores logísticos.
Em 2023, a EREA movimentou R$ 300 milhões em 68 operações. Essas transações envolveram aproximadamente 780 mil metros quadrados.
Ao ampliar esse escopo para três vertentes de atuação, a EREA também reforça os negócios sob a gestão da Tarpon Niche. Hoje, esse portfólio inclui ainda a nstech, plataforma de software e serviços voltados a toda a cadeia de logística e que foi estruturada a partir de uma série de aquisições.
“Agora, com esse ecossistema, conseguimos atender desde grandes empresas como uma DHL, uma FedEx, um Mercado Livre e uma Amazon até uma pequena transportadora ou aquela pessoa que tem apenas um caminhão”, afirma Oliveira.
As possibilidades de vendas cruzadas e o desenvolvimento de sistemas e ferramentas digitais comuns a todas essas operações são apenas alguns dos exemplos das conexões nesse ecossistema. Nesse diálogo, a nstech também serve como uma inspiração em outra frente para os ativos da EREA: os M&As.
“É o nosso modelo. Temos bastante apetite e devemos realizar outros M&As até o fim do ano”, diz Etcheverry. “Estamos olhando acordos tanto para essas verticais existentes como para a abertura de novas empresas.”