Há quase três anos Petz e Cobasi, as duas maiores empresas do setor de pets, vinham conversando sobre uma eventual fusão. Os avanços do negócio sempre esbarravam na etapa da governança e da troca de ações. Mas as duas, enfim, chegaram em um consenso.
As companhias acabam de assinar um memorando de entendimentos não vinculante para dar seguimento a uma fusão entre as empresas. Se o negócio se concretizar depois do período de due diligence, criará uma gigante com muito mais força no mercado.
A combinação dos negócios resultará em uma empresa com 483 lojas, R$ 6,9 bilhões de receita bruta, R$ 464 milhões de ebitda e R$ 209 milhões em caixa. A nova companhia se distanciaria com folga da segunda colocada, a Petlove, com R$ 1 bilhão em faturamento.
Na relação de troca entre as empresas, as ações da Petz foram avaliadas em R$ 7,10 e os acionistas da Petz receberão R$ 450 milhões em dinheiro. Atualmente, Sergio Zimerman, o fundador da Petz, tem via derivativos 49,1% das ações e os 50,9% restantes são free float. Já na Cobasi, a família Nassar conta com 89,5% das ações, o Kinea 7,8% e 2,7% estão nas mãos de outros acionistas.
Pela nova configuração proposta, na qual cada empresa fica com 50% da nova companhia, Zimermann terá 24,5% da empresa e 25,5% serão free float. O que estava pegando para as empresas chegarem em um acordo era a governança: quem daria as cartas na nova empresa?
O que foi acordado é que Zimerman será o presidente do conselho e Paulo Nassar, o CEO da nova empresa. O que mostra que uma fusão já era esperada é que, nos últimos 14 meses, a Petz publicou dez comunicados ao mercado para informar sobre a compra de participação relevante de ações da empresa. Nesse período, Zimerman foi o comprador mais ativo desde meados do ano passado.
Em março, o NeoFeed publicou uma reportagem em que analisava uma fusão entre as duas companhias e a movimentação no mercado. "Essas compras dão a entender a possibilidade de um evento de consolidação. Para mim, é um indicativo de que algo relevante pode acontecer", disse um gestor na ocasião.
A união das duas empresas vai dar mais fôlego para enfrentar uma concorrência cada vez mais crescente. Dados da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet) apontam que, em 2022, o faturamento da indústria pet somou R$ 42 bilhões, aumento de 17,2%.
A questão é que outros players generalistas como Amazon, Mercado Livre e até plataformas chinesas entraram no jogo. Petz e Cobasi viram que era a hora de latir mais alto.