Após a Oi ter conseguido aprovar seu novo plano de recuperação judicial, a V.tal firmou acordos para conceder um empréstimo de R$ 785,5 milhões à companhia e sobre como dará a sua participação no processo competitivo pela UPI ClientCo, que agrega a base de clientes da Oi Fibra, que tem aproximadamente 4 milhões de clientes.
Em fato relevante publicado nesta segunda-feira, 22 de abril, a V.tal, empresa de rede neutra controlada por fundos do BTG Pactual, informou que celebrou um termo de adesão para a concessão à Oi, de um novo financiamento, na modalidade debtor in possession, no valor líquido de R$ 758,5 milhões.
O acordo prevê que o financiamento terá vencimento em 30 de junho de 2027 e contará com garantias reais e fidejussórias em favor da V.tal. O plano de recuperação aprovado pela Oi na semana passada prevê uma entrada de recursos da ordem de US$ 655 milhões, além de um empréstimo ponte no valor de US$ 135,8 milhões para financiamento de curto prazo.
Em relação ao segundo ponto do acordo, a venda da UPI ClientCo, o que ficou definido é que a V.tal só participará no processo competitivo para a aquisição da Oi Fibra “caso seja infrutífera a primeira rodada do procedimento para alienação” da UPI.
A Oi fixou um preço mínimo de R$ 7,3 bilhões pela ClientCo, que possui mais de 4 milhões de casas conectadas. O Citi e o BTG Pactual foram contratados para vender a ClientCo.
Segundo apurou o NeoFeed com fontes familiarizadas com o caso, esse ponto foi uma das principais condições dos credores para aprovar o plano de recuperação judicial da Oi – caso não tenha um comprador para a ClientCo na primeira rodada do processo competitivo, a V.tal apresentará uma oferta na segunda rodada. Essa era uma condição, inclusive, para a concessão de um novo financiamento para a Oi.
A compra da ClientCo pela V.tal já era considerada uma possibilidade, caso não fosse encontrado um comprador, conforme apurou o NeoFeed em fevereiro.
O acordo, porém, é visto como um entrave para atrair outros interessados pela ClientCo, por ter condições consideradas muito vantajosas para a V.tal. Quando comprou a operação de fibra óptica da Oi, um negócio de R$ 12,9 bilhões, os fundos do BTG negociaram um acordo para receberem um pagamento por cada cliente da Oi e também estabeleceram metas de crescimento da base.
O número de assinantes da Oi, no entanto, está estagnado por conta das dificuldades financeiras da Oi e das negociações com credores. O número de casas conectadas no quarto trimestre de 2023 caiu 0,2% ante o terceiro trimestre e está abaixo da meta estabelecida para 2023, de 4,7 milhões.
“Quem adquirir a ClientCo leva também esse compromisso com esses valores. E isso é o que está na mesa: os possíveis compradores condicionarem a aquisição perante uma flexibilização do contrato com a V.Tal”, afirmou uma fonte do setor de telecomunicações, ouvida pelo NeoFeed em fevereiro deste ano.
Para outra fonte, a venda não depende somente da Oi aceitar a proposta. Será preciso que a V.tal aceite rever as condições do acordo que tem com a Oi. "A V.tal está segurando uma posição caso as propostas pela ClientCo não atendam suas expectativas", diz essa fonte, que pediu para não ser identificada.
Já outra fonte de mercado ouvida pelo NeoFeed afirmou que a compra da ClientCo também não seria vantajosa para a V.tal, por ela ser uma plataforma de infraestrutura digital, que não tem intenção de operar diretamente com os clientes. A situação poderia abrir caminho para uma eventual negociação.
As ações ordinárias da Oi fecharam o pregão de sexta-feira, 19 de abril, com queda de 1,41%, a R$ 0,70. No ano, elas acumulam alta de 9,4%, levando o valor de mercado a R$ 435,2 milhões.