O preço do cobre já subiu cerca de 20% no ano, para acima dos US$ 10 mil a tonelada. E há um gestor de hedge fund apostando que chegue a US$ 40 mil por tonelada nos próximos cinco anos, à medida que a crescente demanda faça com que os estoques globais do metal vermelho diminuam.
O francês Pierre Andurand, um dos traders de commodities mais conhecidos do mundo, já conseguiu um retorno de 83% este ano no seu fundo Commodities Discritionary Enhanced, em parte pela sua convicção na alta do cobre.
O centro de sua tese é que o cobre é um minério central para a transição energética, sendo essencial para a eletrificação do mundo, incluindo veículos elétricos, painéis solares, parques eólicos, mas também para uso militar e de data centers.
"Acredito que o preço deva chegar a US$ 40 mil por tonelada nos próximos quatro a cinco anos. A oferta do minério irá reagir em algum momento, mas isso não será possível de acontecer antes de cinco anos", disse ele ao Financial Times.
A oferta da mineradora BHP pela rival Anglo American também foi vista como um sinal de que é mais difícil e caro construir novas fontes do que comprar uma rival com minas de cobre.
Andurand, um ex-operador do Goldman Sachs que foi cofundador da BlueGold Capital antes de lançar a Andurand Capital, acredita que cavar mais fundo e mais rápido nas minas atuais não será suficiente para acompanhar a crescente demanda por cobre. A indústria estima que normalmente leva 15 anos para desenvolver uma nova mina.
Com essa posição, o gestor está se recuperando de um tombo de 55% no fundo graças a uma aposta equivocada de que o preço do petróleo iria disparar com as guerras na Ucrânia e no Oriente médio, mas não foi o que aconteceu.
“Acho que os comerciantes de petróleo aprenderam a ser bastante cautelosos ao ficarem entusiasmados com possíveis interrupções no fornecimento”, disse ele, explicando sua queda. “Acho que todos perdemos muito dinheiro, esperando uma interrupção no fornecimento que não aconteceu.”
O francês, que obteve enormes ganhos nos mercados energéticos durante a pandemia do coronavírus e nas fases iniciais da guerra na Ucrânia, disse que já não espera um grande aumento nos preços do petróleo.
“Os riscos geopolíticos, como os da Rússia e de Gaza, não tiveram impacto na oferta, por isso penso que o preço do petróleo tem estado relativamente estável e deve continuar assim”, disse ele.
Apesar das perdas do ano passado, o retorno líquido anualizado do fundo desde o início, em junho de 2019, é de 34%.
Mas não é apenas no cobre que Andurand tem uma visão otimista. Outras commodities estão na aposta como o cacau, cujo preço triplicou desde o início do ano até meados de abril, e o alumínio, cujo preço ele acredita que continuará subindo por razões semelhantes as do cobre, já que pode ser substituído pelo metal vermelho.