Desde que fundaram a fintech Brex, em 2017, os brasileiros Henrique Dubugras e Pedro Franceschi comandam a companhia como co-CEOs. Agora, a dupla está se “separando”.
Franceschi passa a ser o único CEO da Brex, startup que atingiu um valor de US$ 12,3 bilhões com um cartão de crédito corporativo e uma solução de gerenciamento de despesas. Dubugras será o presidente do conselho de administração.
“Acho que estamos em uma escala em que começamos a ver algumas rachaduras no modelo de co-CEO”, disse Dubugras, em uma entrevista ao site TechCrunch. “Depois de conversar, pensamos que isso ajudaria o negócio a ter sucesso. Achamos que isso permitiria uma tomada de decisão muito mais rápida e melhor.”
Apesar de só agora formalizarem a “separação”, a dupla de empreendedores já dividia suas tarefas. Dubugras estava mais voltado a arrecadação de recursos– a fintech já levantou US$ 1,5 bilhão com fundos com Greenoaks Capital, TCV, Tiger Global Management, Kleiner Perkins, Y Combinator e Global Founders Capital, entre outros.
Franceschi, por sua vez, já estava mais próximo da operação – o que explica que seja o atual CEO. A Brex conta atualmente com mais de 30 mil clientes, a maioria deles startups. Mas a lista inclui também mais de 130 empresas de capital aberto. Entre os maiores, estão DoorDash, Flexport, Roblox, Compass e Shein.
Os dois fundadores da fintech falaram também pela primeira vez sobre os planos de um IPO. A ideia é tornar a empresa pública logo depois de conseguirem atingir o equilíbrio financeiro, o que está previsto para 2025.
O plano não é mais buscar recursos primários, mas uma oferta secundária, antes do IPO, pode acontecer. O objetivo é fazer com que os funcionários que tenham ação possam vender – caso queiram – os seus papéis antes da abertura de capital.
“Não queremos ser uma empresa pública de alta volatilidade… [Isso] realmente desvia a atenção da execução da empresa e da missão principal”, disse Dubugras. “Acho que uma peça importante para ter uma empresa pública de menor volatilidade é ter um fluxo de caixa positivo e ganhar dinheiro, que é algo que historicamente planejamos para 2025. Então, se isso acontecer em 2025, [um IPO] será em breve. Mas precisamos chegar lá primeiro.”
A fintech não informa o quanto está queimando de caixa. Nos últimos três meses do ano passado, a companhia queimava US$ 17 milhões por mês, segundo uma reportagem do site americano The Information.
A Brex, no entanto, diz ter dinheiro para tocar a operação por mais quatro anos. E que a queima de caixa foi reduzida pela metade – mas não deu números precisos sobre esse tema. No começo de 2024, fez um corte de até 20% de seus funcionários. Hoje, conta com 1 mil empregados.
Questionados como conseguiram reduzir a queima de caixa, Franceschi acrescentou que os cortes ajudaram, mas que houve um aumento de receita, sem crescer os custos fixos. “O maior benefício após as demissões não foi apenas a economia de custos. Foi a forma como a empresa opera”, disse Franceschi.
Sem dar detalhes, o CEO disse que a receita cresceu mais de 35% em 2023, enquanto o lucro bruto aumentou 75%. “Esta redução (de queima de caixa) nos colocam num caminho claro em direção à rentabilidade”, afirmou Franceschi.