Os aguardados resultados de três grandes bancos americanos mostraram que a realidade de juros altos por mais tempo está pesando mesmo sobre a lucratividade do setor, com a economia tendo dificuldade de assumir maiores custos de crédito e os spreads bancários sendo espremidos. O resultado são ações em queda.

O J.P. Morgan Chase e o Wells Fargo relataram quedas do lucro no segundo trimestre. O Citi conseguiu um movimento contrário e reportou aumento no lucro devido a sua forte política de redução de custos implementada no ano passado, mas aumentou as provisões para potenciais perdas nos negócios de cartão de crédito

O lucro do segundo trimestre do J.P. Morgan caiu 9% ano a ano, para US$ 13,1 bilhões. Esse número exclui receitas extraordinárias, como os ganhos de US$ 7,9 bilhões em uma troca de ações da Visa do banco.

A receita líquida de juros reportada do J.P. Morgan aumentou para US$ 22,7 bilhões, uma acréscimo de 4% em relação ao ano anterior. No entanto, caiu em relação ao trimestre anterior pelo segundo período consecutivo.

O Wells Fargo, cujo mix de negócios se inclina mais fortemente para consumo do que seus pares, reportou um lucro no segundo trimestre de US$ 4,91 bilhões, uma queda de 1% em relação ao ano anterior. O banco com sede em São Francisco também diminuiu as suas perspectivas para o ano, prevendo que a receita líquida de juros cairá entre 8% e 9%.

Já o Citigroup, que está no meio de um plano de reestruturação, deu sinais de que seus duros esforços estão dando frutos. O banco reportou lucro líquido de US$ 3,22 bilhões, um aumento de 10% em relação ao mesmo período do ano anterior. A receita aumentou para US$ 20,14 bilhões, incluindo um ganho de US$ 400 milhões com a troca de ações da Visa. Isso marcou um aumento de 4% em relação ao ano anterior.

Todas as divisões do Citi registaram números melhores pela primeira vez desde que o banco dividiu os seus resultados em cinco unidades, no fim do ano passado. As despesas operacionais diminuíram 2%, para 13,35 mil milhões de dólares, graças a uma enxurrada de saídas de negócios e medidas de reestruturação empreendidas pela CEO Jane Fraser.

Os empréstimos com cartão de crédito aumentaram mais rapidamente do que os gastos nos três bancos, um sinal de que mais devedores estão postergando dívidas mês a mês.

Segundo o diretor financeiro do Wells Fargo, Mike Santomassimo, em teleconferência de resultados, são as classes de renda mais baixa são as que estão enfrentando a maior dificuldade com o aumento do custo do crédito.

O maior player de cartões de crédito dos EUA, o JPMorgan disse os custos de empréstimos aumentaram quase dois terços em relação ao ano anterior. O aumento refletiu em parte uma normalização de anos de níveis historicamente baixos, segundo o diretor financeiro Jeremy Barnum.

Já o chefe financeiro do Citi, Mark Mason, disse que os consumidores com pontuações de crédito mais baixas estavam gastando menos e a inadimplência aumentou, embora ele tenha visto possíveis sinais de melhora. Em junho, mais pessoas estavam em dia com seus pagamentos.

Se o business de crédito está em mal momento, ao menos veio um alívio de outros negócios. Investment banking, trading, asset e wealth management tiveram melhoras nos resultados, mostrando que ao menos na ponta de investimentos, a confiança está levando a alta dos mercados.

O J.P. Morgan viu a receita com investment banking crescer 46%, o Citigroup 60% e o Wells Fargo’s teve um aumento de 38% nas receitas com fees.

Mas isso não conteve um pessimismo para as ações desses bancos. As ações do Wells Fargo caem quase 6%, do Citi quase 2% e JP Morgan quase 1% nesta tarde.

Os resultados desses bancos são uma boa prévia do que está por vir nos resultados de Goldman Sachs (GS), o Morgan Stanley (MS) e o Bank of America (BAC) na próxima semana.