As ações da Usiminas despencaram mais de 20% e encerraram as negociações do pregão da última sexta-feira, 26 de julho, na B3, com uma queda de 23,5%. E, três dias depois dessa derrocada, os papéis da siderúrgica brasileira estão novamente no alvo do mercado.
Em relatório publicado nesta segunda-feira, 29 de julho, o Bank of America (BofA) rebaixou a recomendação da companhia, de neutra para venda, além de reduzir o preço-alvo da ação, de R$ 9 para R$ 6.
O grande “vilão” por trás dessa agenda pouco favorável do banco e do mercado foi o balanço do segundo trimestre de 2024 da operação. Entre outros números, a empresa reportou um prejuízo líquido de R$ 99,7 milhões, ante o lucro líquido de R$ 287,3 milhões apurado em igual período, um ano antes.
Ao reforçar que os resultados vieram abaixo do esperado, o BofA acrescentou a esse pacote indicadores como o Ebitda ajustado de R$ 295 milhões no período, o que representou uma retração de 29%, em base trimestral, e veio 34% abaixo das projeções do banco.
Na sequência desses números, os analistas Caio Ribeiro, Leonardo Neratika e Guilherme Rosito também reduziram suas projeções de Ebitda Usiminas para 2024 e 2025 em 18% e 15%, respectivamente. Dessa maneira, agora, os números do banco estão 21% e 17% abaixo do consenso.
Há outros sinais de alerta na visão do trio. Até então, o BofA estava incorporando uma redução de 6% do custo do produto vendido (CPV) por tonelada na divisão de aço no terceiro trimestre, dados os ganhos de eficiência da reforma do alto-forno 3 a queda de 9,5% nos preços entre abril e junho.
“Agora, porém, estamos menos convencidos de que isso irá se materializar, dado que a Usiminas inferiu em seu relatório e na teleconferência que o impacto negativo da depreciação do real no CPV poderia compensar os efeitos positivos das placas e das reformas do alto-forno”, escreveram os analistas.
Como um reflexo desse contexto, o BofA está incorporando um CPV/tonelada estável no terceiro trimestre. E ressalta que, embora os preços do aço tenham subido, isso ainda não é suficiente para compensar o corte dos lucros impulsionado pelos custos em seu modelo.
Nesse cenário, o banco vê a Usiminas sendo negociada a um múltiplo de 6,4 vezes EV/Ebitda e gerando um retorno sobre o fluxo de caixa (FCF) de 7,1% em 2024. E, para 2025, um múltiplo de 4,1 vezes EV/Ebitda e um rendimento de 6,1%, embora destaque que uma melhora ainda esteja distante e as incertezas permaneçam sobre a execução.
“Além disso, um capex adicional relacionada a uma extensão da vida útil da mina na divisão de mineração também pode ser anunciado em 2025, pressionando o FCF para um território negativo”, acrescentam os analistas.
As ações preferenciais da Usiminas fecharam o dia com queda de 3,95% na B3, cotadas a R$ 6,08. A empresa está avaliada em R$ 7,6 bilhões e os papéis acumulam uma desvalorização de 32,3%.