Bastaram dois meses e alguns dias para que o Itaú BBA reavaliasse sua tese sobre a Usiminas. Após rebaixar a recomendação da companhia para neutra, em meados de dezembro, o banco voltou a classificar o papel como outperform (acima da média do mercado, o equivalente a compra) nesta semana.
Em relatório enviado a clientes, os analistas do Itaú BBA também elevaram o preço-alvo da ação do grupo, destacando que o papel parece barato em relação ao seus níveis históricos. Do patamar anterior de R$ 7 para R$ 8,50, o que representa um upside de 41% sobre o preço de tela.
O banco observa que desde o downgrade, quando citou questões como os catalisadores limitados para o grupo, o “momentum operacional” da Usiminas melhorou significativamente, com o aumento de preços e uma perspectiva mais positiva sobre os custos em função da recente valorização do real.
“Reconhecemos um cenário macro de enfraquecimento para o Brasil, principalmente no segundo semestre de 2025, mas acreditamos que estamos sendo conservadores com nossas projeções de preço e volume para a empresa”, escreve o time de analistas liderado por Daniel Sasson.
Essas revisões vêm acompanhadas de atualizações nas estimativas para a operação. O Itaú BBA prevê agora um Ebitda de R$ 3 bilhões, alta de 31% em relação à projeção anterior e que reflete, principalmente, uma visão mais positiva sobre o desempenho de custos do grupo.
Já na divisão de aço, a estimativa é de um crescimento anual de 121% no Ebitda e de uma margem Ebitda de 10%. No segmento de mineração, o salto previsto é de 15%, muito em função de um real mais depreciado e de volumes mais elevados, o que compensaria a queda nos preços do minério de ferro.
O banco mantém, no entanto, uma posição mais conservadora em relação aos volumes domésticos de aço em 2025, com um crescimento anual de 1%. E como reflexo de uma deterioração gradual da demanda ao longo do ano, especialmente no segundo semestre.
Em contrapartida, o time de analistas ressalta que os principais custos de insumos da Usiminas, como placas de aço e coque/carvão, tiveram quedas acentuadas nos últimos meses. O que, combinado com ganhos de eficiência a partir da retomada do Alto Forno 3, pode trazer um cenário de custos positivo no ano.
“No entanto, considerando a volatilidade no desempenho de custos da empresa nos últimos trimestres, estamos adotando uma abordagem conservadora e considerando uma queda de apenas 2% no custo de produtos vendidos (CPV) por tonelada no primeiro trimestre de 2025”, pontuam os analistas.
O time do Itaú BBA projeta também um momento favorável para os preços do aço plano realizados pela Usiminas no primeiro semestre de 2025. Muito em função do aumento de preços no setor de distribuição, das redefinições de contratos no setor automotivo e de aumentos graduais na indústria.
“Embora reconheçamos que o prêmio doméstico de 30% sobre produtos importados pode não ser sustentável, acreditamos que a dinâmica de mercado apertada para produtos de aço plano pode evitar quedas de preços no 1S25”, dizem os analistas.
Eles observam, porém, que também estão considerando um declínio nos preços do aço doméstico no segundo semestre, com o cenário macro mais deteriorado. E que, no geral, estimam um aumento anual de 3% nos preços médios de aço no mercado interno em 2025.
E, por fim, o Itaú BBA cita os pedidos de antidumping para produtos como galvanizados, galvalume e chapas grossas, que estão sendo analisados pelo governo. Embora ressalte que a investigação pode levar de 12 a 18 meses, o processo pode beneficiar a Usiminas.
“É importante observar que cerca de 60% a 65% dos embarques domésticos de aço da Usiminas estão dentro dos produtos que estão sendo analisados pelo governo. Portanto, qualquer resultado positivo do pedido de antidumping pode ser um gatilho positivo para a empresa”, acrescenta o banco.
As ações preferenciais da Usiminas estavam sendo negociadas com alta de 1,82% por volta das 14h10 na B3, no patamar de R$ 6,15. A companhia está avaliada em R$ 7,5 bilhões e seus papéis registram alta de 15,6% em 2025.