A recomendação para as ações da Usiminas vive numa gangorra no Itaú BBA nos últimos tempos. Se bastaram dois meses para que os analistas trocassem a sinalização para os papéis de neutro para compra, eles levaram quatro meses para voltar "uma casa".

O banco rebaixou novamente a recomendação para as ações preferenciais classe A (PNA) da Usiminas de compra para neutro e cortou o preço-alvo de R$ 8,50 para R$ 5,90 - o papel fechou a segunda-feira, 16 de junho, aos R$ 4,93.

O "cavalo de pau", porém, não ocorreu por conta de uma piora relacionada à operação da Usiminas. Os analistas Daniel Sasson, Edgard Pinto de Souza, Marcelo Furlan Palhares e Barbara Soares culparam a deterioração mais rápida do que a esperada dos preços do aço plano no Brasil pela decisão, situação que está ofuscando os avanços vistos no segmento de mineração.

Desde o pico de março, os preços recuaram 14%, por conta da menor demanda do mercado local e do aumento da competição dos produtos chineses, que já eram um problema e passaram a pesar ainda mais após a guerra comercial travada pelos Estados Unidos.

“Continuamos observando um cenário desafiador para os produtores de aço plano no Brasil, com a dura competição de produtos importados, potencializada pela recente valorização do Real, tendo um impacto negativo para os preços domésticos e a demanda no segundo semestre”, diz trecho do relatório.

Fique Por Dentro

Itaú BBA também cortou o preço-alvo das ações de R$ 8,50 para R$ 5,90
Deterioração do mercado de aço plano motivou mudança de opinião
Analistas cortam projeção para Ebitda de 2025 em 33%, para R$ 2 bilhões

Este cenário é particularmente duro para a Usiminas, altamente sensível a variações de preços e custos por tonelada. Os analistas do Itaú BBA calculam que para cada mudança de 1 ponto percentual no preço médio do aço no mercado doméstico em 2025, positiva ou negativa, o Ebitda consolidado se mexe cerca de 10%, para cima ou para baixo.

Com os preços sob pressão, os analistas do Itaú BBA revisaram para baixo as projeções para a Usiminas. A expectativa para o Ebitda de 2025 foi diminuída em 33% pelos analistas, para R$ 2 bilhões, diante da queda dos volumes e dos preços no mercado interno, enquanto os custos por tonelada devem ter leve alta.

O momento mais duro do mercado deve ser sentido já no segundo trimestre, com o banco estimando uma queda de 30% do Ebitda em base trimestral, para R$ 500 milhões.

“Vemos a companhia gerando uma baixa FCF yield [taxa de retorno sobre o fluxo de caixa livre], próxima de zero por cento, em 2025 e 2026, e as ações sendo negociadas a um EV/Ebitda para 2025 de 4,0 vezes, o que parece justo quando comparado com os níveis históricos”, diz trecho do relatório.

Um alento para a Usiminas pode vir no segundo semestre. Os analistas afirmam que os preços de matérias primas, como o carvão, demonstram sinais de estabilização. E o nível atual do Real, que tanto prejudica ao permitir a entrada de produtos mais baratos que sobram no mercado global, deve ajudar a reduzir os custos de produtos precificados em dólar.

Já o preço do minério de ferro, que está na casa dos US$ 90 a US$ 95 por tonelada, deve resultar em ganhos para a unidade de mineração da Usiminas.

Por volta das 11h30, as PNAs da Usiminas caíam 5,7%, a R$ 4,65. No ano, os papéis acumulam queda de 9,9%, levando o valor de mercado a R$ 5,83 bilhões.