Nos últimos cinco dias, o Ibovespa oscilou entre 123.436 a 128.291 pontos. Entre esses quase 4% de diferença houve muito sobe e desce ao longo dos pregões da bolsa de valores. A culpa é da instabilidade geopolítica provocada pelo tarifaço de Donald Trump. Mas há ações que podem se tornar vencedoras em meio à imprevisibilidade e à insegurança global.

O Itaú BBA reuniu seu time de 11 analistas de ações para identificar quais papéis continuam interessantes para o ano. Em comum, todas estão com um desconto atrativo e perspectiva de crescimento nesse cenário de guerra comercial.

"Esse conjunto de empresas apresenta um equilíbrio raro entre desconto de avaliação e perspectivas sólidas de crescimento", diz trecho do relatório, que o NeoFeed teve acesso com exclusividade.

As 25 ações escolhidas têm pontos em comum. Elas, por exemplo, negociam com descontos significativos (aproximadamente 17%) em relação às suas médias históricas, oferecendo taxas de retorno implícitas (IRR) entre 12% e 14,6%.

Além disso, projetam crescimento expressivo de Ebtida nos próximos anos, com potencial para expansão de dividendos no médio e longo prazos. A expectativa é de um retorno sobre o patrimônio (ROE) médio de 20,9% ante 15,5% do Ibovespa.

O relatório projeta um crescimento médio de 23% no lucro por ação para 2025 para essas companhias, significativamente acima da média do Ibovespa.

Dos 11 setores destacados, que vão do agronegócio com JBS, SLC Agrícola e 3tentos, passando pelo bancário e financeiro com BTG e Inter, e chegando no varejo e consumo com C&A, Mercado Livre e Grupo Mateus, o de utilities é o que tem maior peso.

Equatorial, Sabesp, Eletrobras e Orizon operam em setores regulados de infraestrutura essencial (energia, saneamento, gestão de resíduos) e têm pontos semelhantes nas teses de investimento e riscos a serem monitorados.

Todas apresentam valuations considerados atrativos pelo Itaú BBA, com a taxa interna de retorno (IRR, na sigla em inglês) implícitos interessantes: Equatorial (12%), Sabesp (12%), Eletrobras (12,5%) e Orizon (14,6%).

Dessas quatro companhias, quatro passaram recentemente por um processo de reestruturação de capital ou privatização. A Equatorial tem utilizado constantemente a estratégia de aquisições. A empresa, por exemplo, adquiriu 15% de participação na Sabesp e se tornou acionista de referência na privatização concluída em julho do ano passado.

Riscos a monitorar

Essas empresas representam diferentes perfis de investimento dentro do setor de infraestrutura brasileiro, desde oportunidades mais consolidadas (Eletrobras) até apostas de crescimento mais agressivo (Orizon), passando por empresas em transformação (Sabesp) e consolidadores estratégicos (Equatorial).

O relatório alerta para pontos de atenção em cada caso. Questões regulatórias permanecem no radar para todas as empresas, com destaque para a evolução da transição energética e o custo dessa fatura (para a Orizon) e acordos sobre direitos de voto com o governo federal (no caso da Eletrobras).

A capacidade de execução do Capex também será crucial, especialmente no cumprimento dos ambiciosos planos de investimento e na entrega dos ganhos de eficiência prometidos nos processos de sinergia para manter os níveis saudáveis de alavancagem.