Fundada em 2021, a Virgo, fruto da fusão de Isec e Cibrasec, se tornou a segunda maior securitizadora do Brasil, com 90 bilhões sob administração fiduciária e 560 operações. Mas a companhia quer ir além da securitização, um mercado que vem encolhendo desde a restrição de lastro imposta aos CRIs e CRAs e, agora, a questão do IOF que atrapalha os FIDCs.
A Virgo está iniciando um processo de diversificação com a estreia de três novas verticais: uma gestora de recursos, uma corretora e uma administradora de fundos. Para acessar esses mercados, a companhia foi às compras.
A primeira delas foi a aquisição de uma “gestora casca”, a Boss. Agora, ela passa a se chamar Virgo Asset e contará com o CIO Aloisio Teles, um “ativo” que veio junto com o negócio.
A estratégia será atuar como uma gestora ‘as a service’, prestando serviço de gestão e constituição de FIDCs para clientes institucionais. O plano é, em 12 meses, conseguir R$ 2 bilhões sob gestão.
A Virgo concluiu também a compra da “casca” da H.Commcor DTVM, que ficou com os fundadores após a venda da carteira para o BTG Pactual em outubro do ano passado. A operação está aguardando a aprovação do Banco Central.
Com isso, quer se tornar uma corretora voltada para o público institucional, executando operações de balcão, bolsa e de câmbio, e não fazendo custódia de ativos. O público-alvo é composto por gestoras de ativos e de patrimônio.
“Por muito tempo, focamos muito na estruturação de CRIs e CRAs e vemos que agora é a hora de pivotar para outros serviços que esses mesmos clientes nos mostram que há uma lacuna no mercado”, afirma Ivo Kos, fundador e managing partner da Virgo, em entrevista ao NeoFeed.
As duas operações foram financiadas com capital próprio da empresa e dos sócios fundadores da Virgo – os valores da transação não foram revelados.
Está também nos planos da Virgo a criação de uma administradora de fundos, negócio que possui grande sinergia com a sua área de securitização, já que os clientes que estruturam FIDCs, CRIs e CRAs também possuem demanda pela administração de fundos específicos, como os exclusivos.
Nesta frente, a empresa está entrando com o pedido de licenças, mas não descarta uma aquisição caso apareça também uma oportunidade para crescer o negócio mais rápido.
Não bastassem todas essas mudanças, a Virgo está também com um novo CEO. O grupo acabou de trazer Everaldo Oliveira, ex-Órama, para comandar a empresa.
“O mercado financeiro cresceu muito, mas também se concentrou em grandes players. Há grande demanda por um serviço institucional mais personalizável e nós iremos trazer isso para grandes e pequenas empresas”, diz Oliveira, ao NeoFeed.

Novo começo sem a XP
A guinada da Virgo em busca de diversificação de serviços ocorre logo após a empresa recomprar uma debênture conversível emitida em 2021 e adquirida pela XP, que a tornava uma potencial sócia da empresa. A transação foi fechada há dois meses, com capital próprio.
Segundo a empresa, o capital da XP foi muito importante para o desenvolvimento da securitizadora e para ela ser hoje a segunda maior do mercado, mas, no novo ciclo, era importante estar independente.
“Decidimos ser totalmente independentes porque identificamos que o mercado estava buscando casas isentas. Somos super parceiros da XP, mas iríamos concorrer em diversos produtos e nunca faríamos isso com um parceiro e sócio”, explicou Kos.
Segundo a Virgo, nesta nova etapa da empresa, a securitizadora seguirá sendo uma peça central pela sua já consolidada geração de receita por fee de estruturação e de administração dos CRIs, CRAs e FIDCs.
“Ela é a nossa porta de entrada, com credibilidade, relacionamento e capilaridade. O objetivo agora é fazer essa base impulsionar o restante do grupo”, afirma Oliveira. Apenas de janeiro até agora já foram liquidadas 50 operações com volume total de R$ 5,5 bilhões.
Com essa estabilidade, essa vertical irá financiar grande parte dos novos projetos da empresa, além de trazer os clientes para as novas frentes.
Com projeto para crescer em outras frentes sinérgicas com a securitizadora, a empresa recentemente também adquiriu a totalidade da boutique de M&A Captal, que já era uma investida da Virgo. Com a transação, vieram 10 pessoas especializadas em DCM de real estate para a empresa.
Além disso, a Virgo fez uma joint venture com a Bims Captal, uma originadora de negócios com foco em DCM para empresas que faturam até R$ 500 milhões, cujo responsável é Renato Barison. Com isso, a empresa fortalece seu braço de investment banking.
A principal rival da Virgo é a Opea, que comprou a True Securitizadora, a segunda maior do mercado, em maio do ano passado. Com isso, consolidou sua liderança com mais de R$ 330 bilhões sob gestão.
Procurada, a XP informou que não iria comentar.