A Brava Energia, fruto da fusão da Enalta e 3R Petroleum, vive um momento de inflexão em sua governança corporativa. Com cerca de 75% das ações em livre circulação, a companhia conta com alta liquidez e forte participação de investidores institucionais. Mas essa corporation agora está perto de formar um bloco de controle.
Após a aprovação da retirada da poison pill na assembleia geral extraordinária de 10 de julho, três dos principais acionistas da Brava começaram a se articular para formar um bloco de controle na petroleira nascida da fusão entre 3R Petroleum e Enauta.
Yellowstone, Jive e a família Queiroz Galvão detinham 7,3%, 6,9% e 6,8%, respectivamente, das ações da Brava após a aprovação da retirada dos dispositivos anti-takeover. Ao se unirem, constituíram um bloco com quase 21% do capital.
Segundo uma fonte próxima à companhia, as gestoras que lideraram esse bloco de controle tiveram encontros com outros acionistas de referência, como as famílias Gerdau e Bartelli, além da Maha Energy, que foram convidadas a aderir ao acordo. Com elas, a participação conjunta subiria para algo em torno de 35% das ações.
“Há um entendimento que a empresa tem nova governança e esses acionistas de referência foram convidados”, diz essa fonte ao NeoFeed. “Elas disseram que estão dispostas a assinar o acordo com o bloco.”
A retirada da poison pill foi pedida pela Yellowstone em 27 de maio com a justificativa de que a maturidade atual da Brava no setor e a evolução de sua base acionária tornam essas cláusulas entraves desnecessárias à flexibilidade estratégica e à atração de novos investimentos.
No dia 10 de julho, a retirada do gatilho automático para a Oferta Pública de Aquisição (OPA) foi aprovada com, aproximadamente, 250 milhões de ações votando a favor, em um universo de 461 milhões de ações totais da companhia. Dos acionistas inscritos para a votação, 60,5% concordaram em acabar com o instrumento que buscava evitar ofertas hostis.
O foco estratégico desse bloco de controle será na eficiência operacional e na alocação de capital. Para uma empresa que enfrentou desafios significativos após a fusão, a ideia é ter racionalização de custos, maior disciplina financeira e uma gestão mais coesa.
O grupo quer ter seis dos sete conselheiros da Brava e estabelecer regras rígidas de compra e venda de participações entre os membros do bloco, incluindo direito de preferência e lock-up de 12 meses.
O acordo chega em momento crucial para a petroleira, que precisa capturar as sinergias prometidas na fusão e estabelecer uma estratégia clara de longo prazo clara. O novo bloco de controle promete dar essa estabilidade.
Para o mercado, a formação do bloco representa uma profissionalização da governança e maior previsibilidade estratégica, elementos essenciais para uma empresa que opera em um setor intensivo em capital como o petrolífero.
Recuperação operacional em curso
A articulação do acordo entre os acionistas acontece em um momento de recuperação para a Brava. Após queda de 49% na produção entre janeiro e dezembro de 2024, o volume voltou a crescer de forma acelerada neste ano, atingindo cerca de 87 mil barris de óleo equivalente por dia (kboe/d), representando um aumento de 130% frente ao nível do fim do ano passado.
Em abril, a companhia registrou recorde de produção de 81,8 kboe/d, crescimento de mais de 15% comparado ao primeiro trimestre de 2025.
No primeiro trimestre, o lucro líquido da companhia foi de R$ 829,2 milhões, revertendo o prejuízo de R$ 20,7 milhões no mesmo período de 2024. A receita líquida alcançou R$ 2,87 bilhões, alta de 1,8%. O balanço do segundo trimestre será divulgado no dia 6 de agosto.
Apesar da recuperação operacional, a Brava ainda enfrenta desafios. A ação acumula queda de 18,1% em 2025, saindo de R$ 23,41 no início do ano para R$ 19,18 atualmente.