A maior parte dos líderes globais tem ‘respirado fundo e contado até 10’ antes de tomar qualquer medida mais intempestiva para rebater o tarifaço global, adotado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Dos 20 maiores exportadores para os Estados Unidos, por enquanto apenas China, Canadá e União Europeia adotaram medidas retaliatórias.
Na sexta-feira, 4 de abril, o governo de Xi Jinping anunciou que iria impor uma tarifa de importação de 34% sobre os produtos vindos dos Estados Unidos, mesmo índice aplicado pela Casa Branca. Isso provocou uma reação ainda mais dura de Trump, que ameaçou escalar a cobrança para 50%, se a retaliação não for reconsiderada. As exportações chinesas para os Estados Unidos somam US$ 439 bilhões.
Ainda no mês passado, logo após o anúncio de Trump, o Canadá adotou tarifas sobre vários produtos dos Estados Unidos. Também adotou a política da reciprocidade ao aplicar taxa de 25% sobre os veículos produzidos nos Estados Unidos e que chegam ao mercado canadense. O país tem negócios com os Estados Unidos que somam US$ 413 bilhões em importações.
Com taxa de 20%, a União Europeia, que vinha dado sinais de que preferiria uma rodada de negociações com a Casa Branca, anunciou, nesta segunda-feira, uma contraofensiva também de 25% sobre série de itens americanos. Dos países do bloco, as vendas de produtos para o mercado americano chegam a US$ 606 bilhões.
O plano começou a ser elaborado após Trump ter anunciado cobrança sobre aço e alumínio, que entrou em vigor em março. A cobrança europeia será em duas etapas, uma em 16 de maio e outra em 1º de dezembro.
Outras grandes economias mundiais, como Japão e Coreia do Sul, que podem ser mais impactadas financeiramente com as taxas, estão dispostas a discutir possíveis concessões para mudar o patamar das cobranças. No domingo, 6 de abril, o presidente americano chegou a dizer que mais de 50 nações já pediram para rediscutir os índices das tarifas.
O Japão, que depende de recursos dos Estados Unidos para ações militares e foi impactada com tarifa de 24%, tem volume de importação que alcança US$ 148 bilhões. A Coreia do Sul, que deve mandar um representante do governo para negociar diretamente com os Estados Unidos, tem volume de importações para o país que somam US$ 132 bilhões.
Mas, por enquanto, não está claro o quanto Trump estaria, de fato, disposto a negociar e abrir das cobranças já anunciadas. Um assessor da Casa Branca chegou a dizer, em entrevista nesta segunda-feira, que mesmo que alguns países reduzam a zero tarifas cobradas de produtos americanos, não há garantias de que o governo americano recue na medida.
Vietnã, que foi um dos países mais impactados com a taxação de Trump, que chegou a 46%, chegou a se oferecer para acabar com qualquer tarifa de importação para os Estados Unidos, iniciativa ainda sem resposta. O país asiático tem US$ 137 bilhões em importações para o país.
Taxada em 37%, a Tailândia se ofereceu para aumentar o volume de importação de energia, aeronaves e produtos agrícolas dos Estados Unidos. Hoje, os tailandeses exportam o equivalente a US$ 63 bilhões.
Impactada com cobrança de 27%, a Índia chegou a aprovar concessões para produtos dos Estados Unidos, como redução de tarifas para uísque, ainda trabalha para garantir a reconsideração do índice. Indianos movimentam US$ 87 bilhões em produtos enviados para o mercado americano.
Na linha dos que receberam a taxação mínima de 10%, o Reino Unido ainda estuda o que fazer. Entre as discussões estão a elaboração de uma lista de produtos que poderia ser alvo de retaliação. Mas, até aqui, nenhuma decisão foi anunciada.
O Brasil, que também ficou na cota mínima, ainda estuda, na prática, o que fazer. Ainda que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já tenha feito declarações duras de que o país iria retaliar, fato é que, até aqui, nada foi feito. Produtos brasileiros que vão para os Estados Unidos somam US$ 42 bilhões.