Especializada no mercado de logística e transportes, a gestora de venture capital BluStone anunciou nesta segunda-feira, 14 de julho, que levantou R$ 60 milhões para seu novo fundo. Mas a ideia é não parar por aí.
A casa, criada por Carlos Lopes e Pedro Vasquez, dois ex-executivos do Patria Investimentos, manteve o fundo aberto para captação, vendo espaço para chegar até o fim do ano a R$ 100 milhões, com os investidores demonstrando interesse por um segmento em que a inovação é baixa, mas os retornos são altos, beirando os três dígitos.
“O mercado de logística da América Latina é de quase US$ 50 bilhões, enquanto no Brasil logística representa cerca de 13% do PIB”, diz Carlos Lopes, managing partner da BluStone, ao NeoFeed. “Mas os processos e os sistemas são poucos, manuais e atrasados, abrindo espaço para a inovação.”
A BluStone está buscando recursos no mercado há um ano e meio. A gestora fechou uma primeira rodada, de R$ 30 milhões, em dezembro de 2024. Agora, levantou outros R$ 30 milhões. O processo para levantar os R$ 40 milhões restantes está em marcha e a expectativa é de levantar os valores “nos próximos meses”, diz Lopes.
Com os recursos em mãos, a gestora planeja adquirir fatias em 15 a 20 empresas do ramo de logística e transportes nos próximos cinco anos. Fundada em 2020, a BluStone já investiu em 11 empresas, todas elas em fase early stage, com seis desses aportes feitos com os primeiros recursos levantados no atual fundo e cinco por meio de um veículo anterior, com o qual começou a operar, de R$ 10 milhões.
A gestora pretende assinar cheques da ordem de R$ 2 milhões a R$ 4 milhões, deixando cerca de 20% do fundo reservado para fazer rodadas subsequentes das empresas que investiu. A expectativa é de que o fundo entregue um retorno de 30% ao ano.
“E dada a performance das primeiras investidas, achamos que existe espaço para bem mais do que isso”, diz Lopes. “As empresas que são parte do fundo estão crescendo 200% ao ano, o que implica que o retorno será bem maior do que 30%.”
O foco da BluStone pelo setor de transporte e logística passa pelo histórico de Lopes no Pátria Investimentos. Executivo especializado em private equity, com passagens por casas como TowerBrook Capital Partners, spin-off do family office de George Soros, ele participou da criação da Delly’s pelo Patria, maior distribuidora de alimentos para food service da América Latina, hoje com mais de R$ 5 bilhões de faturamento anual.
Foi nesta experiência que ele conheceu Pedro Vasquez, seu sócio. Juntos, eles decidiram constituir a BluStone, a partir da percepção de que há muito espaço para startups com pretensões de modernizar o segmento de logística no Brasil e na América Latina.
“Durante o processo de criar a Delly’s, vimos que tinha uma série de deficiências, muita pouca inovação, tecnologia, eficiência e produtividade em todos os sistemas das distribuidoras que estávamos adquirindo”, afirma Lopes.
Os primeiros investidores da BluStone são, inclusive, antigos donos das distribuidoras de alimentos adquiridas pelo Patria. “Temos mais ou menos 50 investidores dentro desta base”, afirma Lopes.
Mas para levar o fundo a R$ 100 milhões, a gestora está buscando empresas com suas próprias áreas de inovação e de corporate venture capital (CVC), com interesse em inovação na parte de logística e cadeias de suprimentos.
Para Lopes, a captação vem num momento propício para alocar capital e investir em startups, considerando a falta de liquidez no mercado e a readequação dos valuations, após anos de valores inflacionados.
“É um cenário diferente do que há dois anos, com as empresas com valores adequados, com altíssimo crescimento e com uso de caixa muito eficiente”, diz. “Tudo isso atrelado a um fundo menor e especializado, que tende a performar melhor, o que abre caminho para retornos muito bons.”