A jornada para levantar capital para uma startup é árdua. Estudos mostram que mais da metade das empresas de tecnologia não consegue chegar a duas rodadas de investimento. O problema, em muitos casos, está quando os empreendedores vão conversar pela primeira vez com investidores institucionais.

Para Francisco Jardim, fundador da SP Ventures, gestora que investe em startups a partir do early stage e já aportou companhias como Agrolend, Jetbov e Magnamed, os empreendedores precisam melhorar os pitchs que irão fazer para conseguir gerar o interesse do investidor.

“A retenção de atenção do investidor dura 15 minutos”, disse Jardim, durante um painel realizado na terça-feira, 16 de abril, durante o Web Summit. “O empreendedor precisa conquistar essa atenção para ganhar mais 10 ou 20 minutos para apresentar o seu negócio.”

Jardim explica que sua gestora avalia quase 80 startups antes de fazer um único aporte. Além de ganhar a atenção do investidor no início da conversa, vale como dica também um estudo sobre qual é o foco de cada gestora. “É preciso estudar o fundo, os deals e criar ganchos que possam trazer valor para a proposta”, disse.

A SP Ventures, por exemplo, opera com dois fundos, sendo que o segundo veículo de investimento captou R$ 300 milhões para se dedicar às startups que operam no setor de agro.

O desencontro entre o interesse dos investidores e dos founders também foi citado no mesmo painel por Orlando Cintra, fundador e CEO da BR Angels, grupo de investidores-anjo que avalia mais de 200 startups por mês e que recentemente criou um fundo de R$ 15 milhões para investir em 10 negócios.

“Já recebemos muitos pitchs que não têm nada a ver com o fundo em relação ao tamanho do cheque ou a tese”, disse Cintra, durante o painel. “A dica que eu dou para os founders é que hoje eles têm ferramentas de inteligência artificial que podem ajudar neste processo.”

O conselho dos investidores para os empreendedores é fazer uma lista das gestoras com as quais pretendem conversar e começarem pelas que têm menos desejo. “Invertam a ordem. É melhor queimar cartucho com investidores menos prioritários e ouvir as críticas antes de ir atrás dos tops”, disse.

Ainda que seja importante “praticar” o pitch com diversos investidores até que o discurso esteja redondo, Cintra aconselha os empreendedores a não darem tiro para todos os lados. “Se valorizem e entendam o processo e as prioridades de cada fundo”, afirmou.